MOTIM


 

brutais em seu escárnio

(como se estivessem possuídos,

ela disse, entorpecidos de tanta aspereza)

espancam jovens rebelados,

na hora sanguínea do motim.

nas ruas entulhadas de carcaças,

vidro moído, pneus incendiados,

avançam mares ruidosos

(reverberantes, insubmissos)

que se desdobram em outros mais,

delicados e primitivos como flores;

avançam multiplicados, inebriados,

em meio a espirais luminosas

e linhas tumultuadas nas ruas,

que se retorcem, reconfiguradas

em outra possível primavera.

 

 

Claudio Daniel

São Paulo, 17 de junho de 2013

 

 

 

 

 

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Claudio Daniel, poeta, tradutor e ensaísta, publicou, entre outros títulos, os livros de poesia A Sombra do Leopardo (2011), Figuras Metálicas (2004), Fera Bifronte (2010) e Letra Negra (2010). É curador de Literatura e Poesia no Centro Cultural São Paulo e editor da revista Zunái. Mantém o blog Cantar a Pele de Lontra, http://cantarapeledelontra.blogspot.com E-mail: claudio.dan@gmail.com




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