Homenagem a Melo e Castro (1932-2020)



Melo e Castro a manipular um dos seus poemas objetos – Museu de Serralves – foto: JLA

 

Como um dos ex-alunos e amigos brasileiros, graças à gentileza do editor de Musa Rara, republico abaixo impressões da viagem à cidade do Porto para fazer parte da mesa-redonda do evento cultural da exposição O Caminho do Leve, em 2006, que faz parte da Antologia de Textos (DVD) de Poesia Digital: Teoria, História, Antologias (ANTONIO, 2010).

É uma forma de prestar homenagem ao poeta experimental que permanecerá permanentemente em nossas memórias.

Desde que o conheci, em 1996, sempre que possível nos encontramos, mantivemos muitas conversas, troca de telefonemas e e-mails. Ele sempre foi convidado para os eventos que organizei ou participei e, na maior parte das vezes, ele pôde participar.

Foi um excelente professor, palestrante, estudioso, poeta experimental, amigo e conselheiro.

O texto abaixo, publicado em 2010, foi escrito em 2006, logo após a viagem ao Porto. Não me lembro se Melo e Castro o leu, pois ele ficou nas Antologias de Textos Teóricos do DVD de Poesia Digital: Teoria, História, Antologias, por isso optei por transcrevê-lo na íntegra na Musa Rara, como uma das homenagens póstumas de mais de um ano do passamento do saudoso e estimado amigo.

 

***

 

MELO E CASTRO E SEU CAMINHO PARA O LEVE

 


Porto – 5 abr. 2006 – Faixa indicando a exposição “O caminho do leve” – foto: JLA

 

O primeiro dia

Impressões de viagem, reunião de amigos e de estudiosos, visitas, fotografias, deslumbramentos, relatório de atividades acadêmicas, visitas a livrarias, cibercafés, etc. Qualquer tentativa de registrar impressões de viagens deixa sempre o visitante e relator com um dilema: será que foi possível mostrar uma síntese dos lugares visitados? O relato corresponde à realidade? O leitor irá gostar do enfoque?

Estas notas são uma tentativa de registro das impressões de uma viagem curta, mas bastante proveitosa, que fiz a Portugal, de 2 a 9 de abril de 2006, a convite do Museu de Serralves – www.serralves.com/p/ms_museu_serralves.html -, permanecendo na cidade do Porto e visitando Guimarães e Coimbra. Foram seis dias que valeram por seiscentos, ou talvez mais.

Um relato dessa estada cultural procura ser uma reflexão de significativa importância para a compreensão da poesia em suas mais variadas dimensões. Foi um caminho do pesado para o leve em todos os sentidos.

Apesar das poltronas apertadas e desconfortáveis e das refeições de razoável qualidade da TAP (Transporte Aéreo Portugal), a viagem, de 2 para 3 de abril de 2006, foi boa, embora um pouco cansativa.

Felizmente o atraso do voo (três horas) e as confusões no aeroporto de Lisboa foram atenuadas pela visão do aeroporto da cidade do Porto e fez até diminuir o cansaço: uma construção moderna, em que o piso cinza azulado faz uma harmoniosa combinação com a tubulação de cor prata cintilante.

Também a primeira estada, na Casa do Professor[1], da Universidade Fernando Pessoa, localizada na Rua Monte da Luz, foi outra visão agradável que ajudou a recobrar as forças. Dessa rua se chega à Avenida Brasil e daí para o mar. Não há cansaço que resista ao ver uma paisagem bonita como essa.


Visão do mar a partir da Avenida Brasil – Porto – 3 abr 2006 – foto JLA

 

Durante a caminhada pelos calçadões, encontrei uma estátua que mereceu uma foto:


Avenida Brasil – Porto – busto de Camões – foto: Miriam Maria Lares

 

Mas a alegria do primeiro dia não ficou apenas no agradável passeio pela Avenida Brasil. Após o almoço e um bom descanso, vieram os anfitriões: Ernesto de Melo e Castro e Antonio Preto[2]. E um jantar no restaurante Gero. É claro, boa comida portuguesa e um vinho excelente.

Depois desse encontro, veio a necessidade de um bom descanso, pois, no dia seguinte, teria muito trabalho.

 

Universidade Fernando Pessoa


Fachada da Universidade Fernando Pessoa – foto JLA

 

O dia 4 de abril começou com um café da manhã bem agradável e duas aulas especiais aos alunos do Curso de Ciências da Comunicação, na disciplina de Comunicação Digital, do Prof. Dr. Pedro Reis[3], das 8 às 10 h, e das 10h15m às 12h.

Para quem gosta de lecionar, enfrentar uma classe de alunos europeus é um desafio que fascina e preocupa. As primeiras aulas saíram um pouco tímidas. Ainda bem que contei com as contribuições do Prof. Pedro Reis. Senti uma boa recepção e, no final de cada fala, vieram perguntas muito interessantes.


Universidade Fernando Pessoa, manhã de 4 de abril de 2006 – Foto Pedro Reis

 

Meu tema, com uma conceituação teórica básica, apresentou alguns exemplos da poesia eletrônica no Brasil, desde as experimentações de Erthos Albino de Souza (1932-2000) em 1972 até o momento presente. Adotei um enfoque histórico e descrevi alguns procedimentos desse tipo de poesia.

Depois veio um almoço na cantina da universidade, a convite do Prof. Pedro Reis. Fez-me lembrar a cantina da PUC SP e os tempos de estudante de pós-graduação. Recordações e comparações válidas.

Um pequeno passeio pela Universidade Fernando Pessoa, passando pela livraria. Logo em seguida, as preparações para a mesa redonda – Poesias experimentais: ontem e hoje – no salão nobre, evento organizado pelo CETIC – Centro de Estudos de Texto Informático e Ciberliteratura – http://cetic.ufp.pt/entrada.htm.


Prof. Pedro Reis e JLA em frente à Universidade Fernando Pessoa  – 4 abr 2006 – foto: MML

 

Estava apreensivo e feliz ao mesmo tempo: comigo estariam o Prof. Dr. Ernesto Manuel de Melo e Castro, o Prof. Dr. Pedro Barbosa[4] e o Prof. Me. Silvestre Pestana[5], três pioneiros da poesia contemporânea. Um encontro muito significativo. O tema da mesa redonda permitiria ligar passado recente (poesia experimental portuguesa, décadas de 60 a 80) e poesia digital (décadas de 70 e 80 até os dias atuais).

O Prof. Dr. Salvato Trigo, reitor da Universidade Fernando Pessoa, abriu a mesa redonda e deu as boas-vindas de forma muito simpática.


Mesa redonda no salão nobre da UFP – Da esquerda para a direita: Silvestre Pestana, E. M. de Melo e Castro, Pedro Barbosa e JLA – 4 abr. 2006 – foto MML

 

O tema geral – Poesias experimentais: ontem e hoje – foi desenvolvido na seguinte ordem: Poesias experimentais com o(s) computador(es) (Jorge Luiz Antonio); uma videopoesia pioneira (E. M. de Melo e Castro); aspectos quânticos do cibertexto (Pedro Barbosa); a poesia informacional da década de 80 (Silvestre Pestana). Pedro Reis, mediador do evento, soube administrar bem o tempo reservado a cada apresentador e procurou incentivar os ouvintes a participar do debate.

Poesia experimental com o(s) computadores partiu do conceito de poesia experimental, largamente utilizado em Portugal, para abordar uma tipologia da poesia digital desde o seu surgimento em 1959: texto estocástico, poesia artificial cibernética, poesia cibertextual, infopoesia, “computer poetry”, poesia hipertextual, poesia-internet, poesia interativa, poesia algorítmica e poesia-código.

E.M. de Melo e Castro apresentou Roda Lume, videopoesia de 1968, e teceu considerações sobre essa sua criação, que foi a primeira videopoesia apresentada em Portugal. Foi muito gratificante ficar imaginando que estava apreciando, pela primeira vez, uma videopoesia de que tanto tinha ouvido falar.

Pedro Barbosa desenvolveu a ideia de texto quântico como um texto múltiplo que, quando encarado do ponto de vista do autor (ou seja, do ponto de vista da sua construção), nos surge como “texto generativo” ou “texto virtual”[6]. Esse enfoque foi explicado com trechos de sua ópera sobre texto eletrônico sintetizado por computador “Alletsatorrotastella”[7].

Silvestre Pestana teceu considerações sobre a suas experimentações poéticas com o computador Spectrum na década de 80 e as produções de “computer poetry”.

Houve um bom diálogo entre os participantes da mesa-redonda. Após o encerramento da atividade, os alunos da rádio e da tevê da Universidade Fernando Pessoa fizeram entrevistas.

Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o poeta Antero de Alda[8], que veio assistir à mesa redonda. Já conhecia um texto de sua autoria no livro Poemografias (1985) e alguns poemas quando ele participou da Mostra Internacional de Poesia Visual e Eletrônica,[9] que ocorreu de 4 a 18 de novembro de 2005, na cidade de Itu, Estado de São Paulo, Brasil, sob a curadoria de Hugo Pontes, Jorge Luiz Antonio e Roberto Keppler.

Depois de um bom café na cantina da Universidade, uma visita ao apartamento do Prof. Pedro Barbosa[10] permitiu conhecer a organização do pesquisador e criador: um apartamento bonito e bem mobiliado, com os livros bem organizados. Dessa rápida passagem, recebi vários presentes: alguns livros, uma fita perfurada do “Poema de Computador” e algumas experimentações do mesmo poema. Um presente magnânimo para um pesquisador da ciberliteratura. Recebi, também, autógrafos de todos os livros dele, inclusive os que já tinha e trouxe do Brasil: “A literatura cibernética 1: autopoemas gerados por computador” (1977), “A Ciberliteratura: criação literária e computador” (1996) e “Teoria do Homem Sentado” (1996).


A fita perfurada do primeiro poema em computador (1975) e A literatura cibernética 1 (1977),[11]  primeiro livro de  Pedro Barbosa sobre ciberliteratura – foto: JLA

 

Ao chegarmos ao seu estúdio, Pedro Barbosa mostrou seu computador e disse que, naquela mesa, acontecia aquilo que ele escreveu no livro Teoria do Homem Sentado:

O homem pós-moderno assiste sentado ao mundo envolto numa névoa de signos[12].

Um jantar, na companhia de Pedro Barbosa e Pedro Reis, encerrou um dos dias mais movimentados que tive no Porto.

 

Em Guimarães: a palestra de António Preto

Para quem veio com o objetivo de estudar e aprender, um convite para visitar Guimarães e ouvir uma palestra do Prof. António Preto foi bem aceito.  António Preto é professor da ESAP – Escola Superior Artística do Porto, mestre pela Universidade de Lisboa, artista plástico, autor de uma dissertação de mestrado sobre poesia experimental portuguesa[13] e um artigo muito significativo sobre os poemas fílmicos e a videopoesia de E. M. de Melo e Castro[14].

Passado e presente. Poesia Experimental Portuguesa (1960-1980). A sala escurecida para que pudéssemos ver as imagens projetadas por intermédio do projetor multimídia. Um prédio medieval numa cidade fundadora do país, que é Guimarães. Um resgate de um tempo de criações do século XX, nas décadas de 60 a 80.

A palestra do Prof. António Preto, numa das salas de aula da Escola Superior de Arte do Porto, Extensão de Guimarães, presentificou o passado e lançou luzes para o futuro.

Numa sala de um prédio antigo que me lembrou um castelo, enquanto Preto ia relatando o que pesquisou sobre a poesia experimental portuguesa, E. M. de Melo e Castro ia interferindo e narrando a sua participação no evento. Foi uma reconstituição muito interessante. A precisão da fala do Preto e a confirmação de um dos líderes do evento que foi a Poesia Experimental Portuguesa.

E vale lembrar que a fala ocorreu das 22 às 24 horas, estendeu-se por mais tempo porque houve um debate, e nenhum aluno se levantou para ir embora, o que não acontece nas salas de aulas no Brasil.

Museu de Serralves


Museu de Serralves – Porto – Foto: Luís Ferreira Alves

 

Os dias 5 e 6 de maio foram dedicados a uma visita ao Museu de Serralves e à participação na mesa redonda.

Acompanhado por Melo e Castro, fui conhecer as pessoas que me ajudaram via telefone e por e-mail: Maria Ramos, Sofia Vitorino, Cristina Lapa, Isabel Braga e João Fernandes[15], diretor do Museu. Pude confirmar a simpatia de todos e, mesmo estando com eles por um curto espaço de tempo, esse contato foi muito gratificante.

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, da Fundação de Serralves, criada em 1989, tem por objetivo construção de uma coleção de arte contemporânea representativa da obra de artistas portugueses e estrangeiros e a apresentação de um programa de exposições temporárias, coletivas e individuais, que estabeleçam um diálogo entre os contextos artísticos nacionais e internacionais.

 

A exposição “O Caminho do Leve”

A exposição “O caminho do leve” – www.serralves.com/p/aleph/ficha?list_exposicoes_passado+146 – foi um evento que reuniu, pela primeira vez, uma seleção das obras do poeta experimental português E. M. de Melo e Castro, em seus quase cinquenta anos de atividades criativas e teóricas.

O nome da exposição, O caminho do leve, traz à lembrança um trecho do livro Seis propostas para o próximo milênio lições americanas, de Italo Calvino:

Em seguida vem a informática. É verdade que o software não poderia exercer seu poder de leveza senão mediante o peso do hardware; mas é o software que comanda, que age sobre o mundo exterior e sobre as máquinas, as quais existem apenas em função do software, desenvolvendo-se de modo a elaborar programas de complexidade cada vez mais crescente. A segunda revolução industrial, diferentemente da primeira, não oferece imagens esmagadoras como prensas de laminadores ou corridas de aço, mas se apresenta como bits de um fluxo de informação que corre pelos circuitos sob a forma de impulsos eletrônicos. As máquinas de metal continuam a existir, mas obedientes aos bits sem peso. (1991, p. 20)[16]

A primeira parte do poema[17], nas primeiras páginas do catálogo da exposição, serve para esclarecer:

Há, nas páginas 26 e 27 do mesmo catálogo, um panorama da produção poética e artística de Melo e Castro, de 1952 até o ano de 2005, cuja imagem está transcrita abaixo.

É um percurso da poesia que passa pelo meio impresso, que se torna tridimensional (instalações poéticas e poemas-objetos), que passa a ser poesia performática ou poesia viva, que, a partir de 1979, adentra os meios eletrônicos e se torna infopoesia e videopoesia. Podemos notar que um dos seus primeiros poemas, “Máquina”, de 1950, de certa forma antecipa ou prevê o percurso do poeta experimental:

 

MÁQUINA

Luzes de mais ofuscam
os meus olhos. Luzes de menos
fazem-me doente.
Dêem-me um dispositivo automático para
regular o sol ao nascer, no zênite e no
poente[18].

 

A exposição O caminho do leve enfoca os pontos luminosos num percurso de 1952 a 2005, mas não deixa de ser um caminho do átomo para o pixel, que a série de infopoemas “az cor” 1, 2, 3 e 4 bem representa, como a síntese da passagem do meio impresso para o meio digital.


M. de Melo e Castro – Az. Cor 1, 2, 3 e 4 – 1996[19]

 

Registrar minhas impressões sobre a exposição foi um desafio e tanto, especialmente depois de ter ouvido a boa análise feita pela Profa. Teresa Tudela, na mesa redonda do dia 6 de abril. Restou-me fazer um comentário por meio das fotografias que tirei e, mesmo assim, foi um registro incompleto.

Estudar poesia contemporânea traz a oportunidade e o privilégio de percorrer uma exposição com o poeta homenageado e isso enriquece nosso conhecimento sobre a obra.

Dentre as inúmeras obras expostas, inicio meus comentários a partir da contextualização que Melo e Castro fez da instalação “Incomunicação à distância = guerra”, especialmente porque foi o trabalho que me chamou mais a atenção.

A sua inspiração, ele me contou, foi a obsessão dos portugueses pelo telemóvel (que no Brasil chamamos de celular) e pela falta de comunicação que ocorre, apesar do uso de vários aparelhos pela mesma pessoa.

Tive a oportunidade de notar esse excesso, quando um taxista procurou me explicar, mas não pude compreender, por que ele usava dois telemóveis para não se atrasar pelo trabalho.

Quando almoçávamos no restaurante de Serralves, Melo e Castro me pediu, a certa altura, para fotografar, discretamente, uma cadeira com três celulares, ao lado da qual estava sentada um senhor, dono e usuário dos telemóveis.

Tirei uma primeira foto com o rosto da pessoa, mas tive o cuidado de recortar a imagem, para não identificá-la.


Restaurante de Serralves – Porto – 5 abr 2006 – O celular português – foto: JLA

 

Assim, pude contribuir modestamente para a continuação da obra “Incomunicação à distância = guerra”.

 


Visão geral da instalação “Incomunicação à distância = guerra”, de E.M. de Melo e Castro – Museu de Serralves – foto JLA

 

Outro entusiasmo do Ernesto foi uma intervenção nas tecnologias do vídeo, do computador e dos fractais.

Embora o manual do programa de fractais afirmasse não ser possível passar esse procedimento para o vídeo, Joaquim Pedro Jacobetty, assistente técnico do Museu, o fez com grande sucesso.

Assim, mais uma vez pude apreciar a intervenção do poeta nas tecnologias e me lembrar, com carinho, das aulas do Melo e Castro, no Curso de Infopoesia e Poesia Sonora, na PUC SP, em 1997.

 


Um fractopoema de Melo e Castro no Museu de Serralves – foto JLA

 


Imagem da tela da poesia sonora interactiva de E. M. de Melo e Castro e Joaquim Pedro Jacobetty – Museu de Serralves – foto JLA

 


Uma das salas da exposição – foto: JLA

 


Crianças interagem com os poemas-objetos de E. M. de Melo e Castro na seção de Máquinas Leves Objectos Inúteis – Museu de Serralves – foto JLA

 

 


Museu de Serralves – 5 abr. 2006 – Da esquerda para a direita: Melo e Castro, Miriam Maria Lares e Luísa Correa[20] – foto: JLA

 

Uma exposição hipermidiática, como “O caminho do leve”, tem um espaço acústico e de imagens em movimento.

Um erro meu no ajuste da máquina fotográfica digital fez com que Melo e Castro filmasse o pequeno movimento dos fotografados (JLA, Miriam e Luisa) e que gravasse o som de uma apresentação de poesia sonora em outra sala. Ao acessarmos esse fragmento, volta-nos à mente todo o percurso da exposição.

 

E.M. de Melo e Castro


Melo e Castro em frente à Livraria Almedina – Porto – foto: JLA

 

Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro nasceu em Covilhã em 1932, fez seus estudos primários em sua terra natal e depois em Lisboa. Frequentou os Liceus de Gil Vicente e Pedro Nunes e a Faculdade de Medicina, mas optou por estudar Engenharia Têxtil em Bradford, Inglaterra. Foi tecnólogo têxtil por quarenta anos, dedicando-se também ao ensino do desenho e tecnologia têxteis, à direção técnica e à consultoria.

Paralelamente à sua atividade profissional, desenvolve intensa atividade cultural (criação poética e artística, ao lado de uma reflexão crítica bastante penetrante e lúcida). Seu primeiro livro é Sismo (1952). Dedica-se à crítica literária, organiza antologias, como a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa (1959), em parceria com Maria Alberta Menéres (1930-2019). Faz muitas viagens à Europa e ao Brasil, toma contato com os movimentos de vanguarda internacionais, faz intervenções públicas (performances, conferências e artigos de opinião na imprensa) e participa de associações literárias como a APE e PEN Clube Português (sócio fundador).

Publica Ideogramas (1962), primeiro livro de poesia concreta em Portugal. Torna-se pioneiro da videopoesia em Portugal, com Roda Lume (1968).

Permanece no Brasil de 1996 a 2001, ocasião em que leciona na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, obtém seu doutorado em Letras pela Universidade de São Paulo, e lá leciona, como professor convidado. Nesse período reuniu, num sítio, suas infopoesias, cuja criação teve início em 1979: www.ociocriativo.com.br/meloecastro.

Atualmente vive em Lisboa e leciona na Escola Superior Artística do Porto (ESAP).

 

Livro-Catálogo de “O caminho do leve”

Melo e Castro me escreveu, tempo atrás, que o Museu de Serralves iria fazer uma exposição de suas obras e que publicaria um catálogo. Quando recebi o catálogo, pude compreender melhor o seu entusiasmo: uma obra com 303 páginas, em formato 22,5 cm por 31,5 cm, com ilustrações em cores e uma excelente qualidade gráfica, numa edição muito bem cuidada[21].  O conteúdo, dividido em dezenove capítulos, é uma antologia da obra do poeta experimental português, seguida de uma entrevista e de seis textos críticos.

Os textos introdutórios são: “Apresentação” e “E. M. de Melo e Castro: experimentar: experimentar sempre”, de João Fernandes, diretor do Museu de Serralves, e “Agradecimento do autor” e “O caminho do leve”, de E. M. de Melo e Castro.

Na antologia, constam: as performances “incomunicação à distância = guerra” (2003) e “pensar/fotografar = paz comunicante” (2004); videopoesia: signagens (1985-1989), Sonhos de Geometria (1993) e Fractopoemas (20042005); infopoesia (1979-2005). Econ (1998), releitura digital do poema por Sílvia Laurentiz; Olhar Fractal (1998-2001), Poesia Sonora Interactiva, em parceria com Joaquim Pedro Jacobetty (2005); Poesia Concreta: Ideogramas (1962), Sintagramas (1966-1967); Poemas Cinéticos: Objecta (1961-1968); Máquinas Leves (1963-2005, 1967-2005): Objectos Inúteis (1997), Contrafacções Virtuais: Pinturas Contrafeitas (1998, 2005), Desenhos Contrafactos (1997-1999); Poema Fílmicos: Lírica do Objecto (1958), Círculos (1967), Triangle-quadriopen (1967); Roda Lume (1968), o primeiro videopoema em Portugal[22] ; Música Negativa (1965); Concepto Incerto (1’974): exposição e entrevista de José Ernesto de Sousa.

É uma obra imprescindível para os amantes da poesia contemporânea, para quem deseja conhecer todas as facetas criativas da obra de Melo e Castro e para quem quer estudar a poesia experimental portuguesa.

 

 

Há o registro de uma entrevista que o Melo e Castro gentilmente concedeu a Maria Virgília Frota Guariglia e a mim em 2001, além dos seguintes textos críticos: uma poesia que jamais perdeu o seu gosto de futuro (Alberto Costa e Silva); um pássaro, um rato, uma rã e cinco flechas: poemas fílmicos e videopoesia de  E. M. de Melo e Castro (António Preto); a literatura torna-se cinética: sobre os videopoemas de Melo e Castro (Christopher Funkhouser); a videopoesia de Melo e Castro (Eduardo Kac); Melo e Castro: palavra, visualidade, infopoesia (Jorge Luiz Antonio); e soneto: polígono agônico (Maria Virgilia Frota Guariglia).

Em “Bio-bibliografia”, parte final da obra, podemos apreciar as capas da maior parte das obras de Melo e Castro, desde “Sismo” (1952) até “No limite das coisas” (2003), publicações portuguesas e brasileiras.

Vale acrescentar uma antologia do livro “Algorritmos” (1998), que faz parte da coleção “Visual World Poetry” de 2002, editada por Ether Panji, em São Petersburgo, na Rússia. A edição é trilíngue: português, inglês (tradução feita por mim) e russo (tradução de Ether Panji com base na tradução inglesa e algumas trocas de e-mails comigo e com o Melo e Castro).


Capa da antologia de “Algorritmos” (1998), publicada em 2002,  edição trilíngue: português, inglês e russo.

 

Além dos dados biográficos de Melo e Castro, há uma bibliografia bastante rica, que está dividida nas seguintes partes: poesia, poemas fílmicos, videopoesia, ensaios teóricos e de crítica literária, ensaios sobre artes visuais, exposições, intervenções e performances, organização de antologias, vídeo e DVD, prêmios, e uma bibliografia com estudos sobre a obra de Melo e Castro.

 

Programas paralelos

A exposição “O caminho do leve” foi aberta ao público no período de 10 de fevereiro a 25 de abril de 2006.  Nesse tempo, houve muitas visitas guiadas e programações paralelas: performances e apresentação de poesia sonora, em 17 de março, com a participação de Melo e Castro (A imensa comunicação oral), Américo Rodrigues (Visão Visual Vocal), e Jorge Sequerra (Usar Ousar); mesa redonda em 6 de abril; e o concerto Sono, em 28 de abril, baseado na obra “Trans(a)parências” de Melo e Castro, com voz de Ana Deus, Ana Ulisses e Marta Bernardes, contrabaixo e baixo elétrico de Henrique Fernandes, bateria e percussão, gravação e processamento de vozes e ruídos de Gustavo Costa, e vídeo de Amarante Abramovici.

 

Publicações

Serralves Público, publicação periódica da Fundação Serralves, em seu número dez, de jan./mar. 2006, traz, na página 6, um depoimento de Melo e Castro e inclui uma foto dos poemas “Pêndulo” e “Círculo Aberto”.

Trata-se de uma performance poética que ele realizou em 1962, no Teatro Nacional D. Maria II, durante um ciclo de conferências e leituras de poesias. Demorando para aparecer quando foi anunciado, Melo e Castro apresenta três telas com poemas visuais e grita: “ESTES POEMAS NÃO SÃO PARA LER. SÃO PARA VER! MAS ISSO NÃO QUER DIZER QUE O POETA NÃO TENHA VOZ!”

Se hoje, em pleno século XXI, no ano de 2006, ainda há pessoas que não aceitam a poesia concreta, que é da década de 50, podemos imaginar a reação das pessoas em 1962!

 

Palavras em liberdade

Uma exposição que também me chamou à atenção foi “As palavras em liberdade: a biblioteca de E. M. de Melo e Castro”. Tratava-se do acervo de Melo e Castro que foi adquirido pela Fundação de Serralves há cerca de três anos e que estava sendo exposto pela primeira vez.

Uma iniciativa muito válida da Fundação e do poeta, pois isso disponibiliza à pesquisa um material raro e de difícil acesso: são publicações sobre poesia visual de diversos países e abrangem o período de 1960 até os dias atuais.

Dentre as inúmeras publicações interessantes, chamou-me à atenção o livro Typewriter Art, editado por Alan Riddell e publicado em 1975. Trata-se de um estudo histórico, acompanhado de uma antologia, do uso criativo dos recursos da máquina de escrever na produção de arte e poesia.

 

Mesa-redonda

Em 6 de abril, a partir das 18 horas, houve a mesa redonda moderada por João Fernandes, com a participação de António Preto, Eurico Gonçalves[23], Jorge Luiz Antonio e Teresa Tudela[24].

João Fernandes, moderador da mesa redonda, foi apresentando os participantes e a cada um incumbiu de uma tarefa.

Antonio Preto, de forma bastante resumida, teceu considerações sobre a poesia experimental portuguesa, de um modo geral, para abordar aspectos importantes da obra de E. M. de Melo e Castro.

Eurico Gonçalves, artista plástico e crítico de arte, tratou do aspecto artístico da obra de Ernesto.

Teresa Tudela fez uma apreciação de “O caminho do leve” por meio da análise das partes da exposição.

A minha fala foi, inicialmente, um depoimento sobre o professor e o amigo Ernesto nos tempos em que ele viveu no Brasil; em seguida, tratou da infopoesia de Melo e Castro, ou seja, as suas poesias experimentais com o computador desde 1979.

A troca de ideias entre os participantes da mesa-redonda e os assistentes foi muito enriquecedora.  Pudemos contar, também, com a participação de Melo e Castro.

 


Visão geral da mesa redonda na Biblioteca do Museu de  Serralves – 6 ab 2006 – foto: Silvestre Pestana

 


Flagrante da plateia que estava presente à mesa redonda – a participação de E. M. de Melo e Castro – foto: Silvestre Pestana

 

Um agradável jantar, novamente no Restaurante Gero, encerrou mais um dos meus agradáveis compromissos.

Melo e Castro, feliz e bem-humorado como sempre, nos premiou com as aventuras da poesia experimental, acrescido dos comentários de Silvestre Pestana e Eurico Gonçalves.

Na saída do restaurante, vi uma espécie de grafite na parede e brinquei com o Ernesto: eis um poema-mural, um novo espaço para a poesia contemporânea.

 


Porto – 6 abr. 2006 – “Por cada tijolo que me cega, eu te saúdo” – foto: JLA

 

Em Coimbra

Chegar em Coimbra foi uma espécie de sonho: um passeio por um comboio muito confortável mostrou paisagens urbanas e rurais durante cerca de uma hora. Ver a qualidade do tráfego ferroviário na Europa faz com que lastimemos o exagero do uso dos automóveis no Brasil e a desconsideração para com o transporte ferroviário.

A convite do Prof. Manuel Portela[25], do Programa de Mestrado em Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, apresentei, em 7 de abril de 2006, a partir das 11h30m, a palestra “Aspectos da poesia electrónica no Brasil”. A minha fala foi a segunda no Ciclo de Conferências Literatura e Novas Tecnologias. O primeiro a apresentar foi o Prof. Dr. Rui Torres[26], da Universidade Fernando Pessoa, com quem me encontrei em São Paulo no mês de março e quem me convidou para participar da mesa redonda na UFP, em 4 de abril.

Embora bastante emocionado por estar numa universidade tão famosa internacionalmente, desenvolvi, com bastante desenvoltura, alguns conceitos da poesia eletrônica, apresentei alguns exemplos no Brasil e adotei um enfoque cronológico. Houve uma boa recepção dos alunos e professores presentes.

 


Palestra na Universidade de Coimbra – 7 abr. 2006 – foto: MML

 

Tempos depois, pude ler, no blog DIGLITMEDIA Literatura e Média na Era Digitalwww.diglitmedia.blogspot.com -, coordenado por Manuel Portela, duas considerações importantes sobre o tema da palestra, as quais transcrevo como forma de agradecimento:

Digna de nota – parece-me – a conferência sobre Poesia Electrónica no Brasil que decorreu no passado dia 7 na Faculdade de Letras. Jorge Luiz Antonio apresentou-nos sua tese sobre o assunto, acrescentando inúmeros autores e formas de digitalizar a poesia às que já vinhamos conhecendo. (…)  (Carla Sao Miguel, 13 abr. 2006[27])
A conferência de Jorge Luiz António alerta-nos para uma questão que nunca deve ser desconsiderada.
Tão importante como a criação artística, neste caso poética, é o seu estudo.
E se no estudo interpretativo essa mesma importância é facilmente observável, mesmo naquele que individualmente e de uma forma até um pouco casual é feito por cada leitor, é supremamente importante o estudo académico da obra poética. E porquê?
É no estudo académico que a vertente do trabalho e da continuidade criativa de uma corrente poética mais é apreciada e demonstrada. Permite a comparação e o contraste entre um autor ou entre vários autores, a sua localização temporal, as influências que diversas obras sofrem ou provocam.
Assim, o trabalho imenso de Jorge Luiz Antonio sobre Poesia Digital (eu escolhi este termo dos muitos sugeridos) deve ser valorizado como obra essencial para a compreensão das diversas obras poéticas analisadas. Mais, a própria “catalogação” de obras poéticas é também em si um estudo interpretativo pois coloca-as em patamares comparativos entre elas.
Fianlmente, o caracter contemporâneo deste trabalho merece destaque pois estamos perante factos que aconteceram recentemente ou estão mesmo a acontecer. Leva-nos quase a sentir que fazemos parte do que está a acontecer … (Joel Fernandes[28])

 

No final da palestra, tive a agradável surpresa de conhecer pessoalmente (trocamos e-mails há muitos anos) o poeta Fernando Aguiar[29], que mora em Lisboa e, estando a caminho de Idanha-a-Nova, veio para a palestra. Aproveitei a oportunidade para colher o seu autógrafo em Poemografias (1985) e frui presenteado com vários livros dele.

 


O poeta Fernando Aguiar autografa o livro “Poemografias” – foto: Miriam Maria Lares

 


Universidade de Coimbra – 7 abr. 2006 – Da esquerda para a direita:  Manuel Portela, Miriam Maria Lares e JLA – foto: Fernando Aguiar

 

Um bom almoço e um vinho excelente encerraram a apresentação na Universidade de Coimbra, para, em seguida, fazer uma visita às ruas medievais de Coimbra e às livrarias.

Eis um breve relatório de uma viagem encantadora e enriquecedora em todos os sentidos. Talvez pelo fato de ser a primeira viagem ao país do meu avô materno, Luiz Borges (1878-1954), a tentativa de não adjetivar o que foi visto e sentido pode ter dificultado o plano da apresentação. Junta-se a isso o fato de ir apreciar, fruir e conversar sobre poesia com os poetas cujas obras estudo e muito admiro.

 

Passeios, imagens e impressões

Nos intervalos das palestras e mesas redondas, foi possível fazer pequenos passeios, boa parte deles em companhia dos grandes cicerones, que foram o Ernesto e o Antonio Preto.

Além do natural encantamento de visitante, a impressão mais agradável foi a de constatar a harmonia entre o antigo e o atual: prédios antigos muito bem conservados ao lado de construções recentes, que mostram um diálogo arquitetônico entre presente e passado.

Seria impossível não passar por uma livraria e descobrir algum livro que eu queria há muito tempo, como foi o caso de Cesário Verde Recepção Oitocentista e Poética[30] (1998)[31].

 


Fachada da Livraria Leitura – Porto – foto: JLA

 

Visitar um café tipicamente europeu, como o Café Majestic, foi um tempo muito proveitoso.


Café Majestic – Porto – Da esquerda para a direita: Miriam Maria Lares,  JlA e Melo e Castro – foto: garçonete do Café

 

Passar pela Livraria Lello também ensejou uma fotografia:


Porto – Livraria Lello – 5 abr 2006 – Melo e Castro e JLA – foto: Miriam Maria Lares

 

No Shopping Catarina, foi possível notar construções antigas que fazem parte do interior de uma construção contemporânea.

Andar pelo centro do Porto e apreciar construções antigas foi um prazer e tanto.


Uma rua do Porto – 8 abr. 2006 – foto: JLA

 

Explorar os recursos da Sony W7 e tentar fotos noturnas – essa experimentação me trouxe uma boa recordação.

Ao ver um prédio num espaço bem amplo, lembrei-me da técnica de mover a máquina enquanto o filme é sensibilizado e produzi uma espécie de grafismo fotográfico-digital.

 

Tentativa e conclusão

Esta tentativa de crônica de viagem e de pequeno estudo busca ser uma espécie de hipertexto que tenta abranger, nos limites dos signos verbais e não verbais de que disponho, no espaço em que me situo e no ciberespaço que indico, um universo que busquei mostrar de forma panorâmica, geral, particular, total e parcial.

Parece-me adequado concluir estes apontamentos com três infopoemas de Melo e Castro: “Cérebro Fractal”, “Cidade Fractal” e “Flor Sintética”.

Um cérebro fractal, com o uso de uma geometria não euclidiana, permite leituras diversas, não lineares, intencionalmente fragmentadas.

Uma cidade fractal foi o que pude reter com os signos verbais e não verbais a que tive acesso durante a minha curta e intensa permanência em Portugal.

A flor sintética representa uma leitura afetiva e racional com que procurei agradecer o convite do Museu de Serralves e a acolhida de todos.  Nada mais justo que E. M. de Melo e Castro fosse o início e o fim destas anotações, quer pela lembrança da formidável pessoa amiga, quer pela grandiosidade da sua obra.


E.M. de Melo e Castro – Cérebro Fractal – infopoesia (1999)[32]

 


E.M. de Melo e Castro – Cidade fractal – infopoesia (1999)[33]

 


E. M. de Melo e Castro – Flor sintética – infopoesia (1999)[34]

 

 

 

 

 

 

..

.

[1] A segunda estada foi no Porto Palácio Hotel.

[2] Artista plástico, poeta, professor na Escola Superior Artística do Porto, mestre em Teorias da Arte com a dissertação “A poesia experimental portuguesa: 1960-1980), defendida na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, que será publicada brevemente no Brasil.

[3] Professor convidado da Universidade Fernando Pessoa, membro fundador do CETIC – Centro de Estudos de Texto Informático e Ciberliteratura, doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Lisboa, com a tese “Repercussões do uso criativo das tecnologias digitais da comunicação no sistema literário: o caso da poesia intermediática electrónica” (2004) e autor de “Poesia concreta: uma prática intersemiótica” (1998).

[4] Professor coordenador da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE) da Universidade do Porto, membro fundador do CETIC da Universidade Fernando Pessoa, doutor em Comunicação (Semiologia) pela Universidade Nova de Lisboa, autor de importantes obras, de reconhecimento internacional, sobre ciberliteratura.

[5] Poeta, artista, performer, professor assistente da Escola Superior de Educação e do Instituto Politécnico de Coimbra, mestre em Arts – Art and Deisgn Education pela The Montford University (Leicester, Inglaterra), participou da Poesia Experimental Portuguesa, é pioneiro da “computer poetry” e da videoarte em Portugal, na década de 80, e organizador de “Poemografias: Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa” (1985), em parceria com Fernando Aguiar.

[6] BARBOSA, Pedro. Aspectos quânticos do Cibertexto. Cibertextualidades: publicação do CETIC. Universidade Fernando Pessoa, Centro de Estudos de Textos Informático e Ciberliteratura, nº 1, p. 11-42.

[7] BARBOSA, Pedro. Alletsatorotastella XPTO – Kosmos.2001: libreto de ópera sobre texto eletrônico sintetizado em computador (para actores, músicos e outros animais). Porto, Portugal: Afrontamento, 2003.  (Teatro 6).

[8] Artista plástico e poeta, professor, autor de Corresponderá exactamente a cada nível do pensamento uma classe social (1999).  Atualmente dedica-se à poesia digital, que se encontra reunida no sítio: http://www.anterodealda.com/.

[9] Vide: www.ociocriativo.com.br/epoesia.

[10]Webpage: http://www.pedrobarbosa.net

[11] BARBOSA, Pedro. A literatura cibernética 1: autopoemas gerados por computador. Porto: Edições Árvore, 1977.

[12] BARBOSA, Pedro; CAVALHEIRO, Abílio. Teoria do homem sentado. Porto: Afrontamento, 1996, p. 5.

[13] PRETO, António Manuel João. A poesia experimental portuguesa: 1960-1980. 2005. 322f. Dissertação (Mestre em Teorias da Arte) – Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Lisboa, 2005.

[14] PRETO, António. Um pássaro, um rato, uma rã e cinco flechas: poemas fílmicos e videopoesia de E. M. de Melo e Castro. IN: CASTRO, E. M. de Melo e; FERNANDES, João (Coord.). O caminho do meio / The Way to Lightness. Tradução: John Havelda e Sofia Gomes. Porto, Portugal: Museu Serralves, 2006, p.242-246. Catálogo de exposição, 10 fev.-25 abr. 2006, Museu de Serralves.

[15] Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Conclui a parte lectiva do Curso de Mestrado em Fonologia Portuguesa da Universidade de Lisboa em 1992. Entre 1987 e 1995, é professor e investigador em Estudos Linguísticos no Instituto Politécnico do Porto. Publicou textos seus em vários catálogos de artistas portugueses e estrangeiros.

[16] CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. Tradução: Ivo Barroso. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

[17]  CASTRO, E. M. de Melo e. O caminho do leve. In: ______; FERNANDES, João (Coord.). O caminho do meio / The Way to Lightness. Tradução: John Havelda e Sofia Gomes. Porto, Portugal: Museu Serralves, 2006, p.25-34. Catálogo de exposição, 10 fev.25 abr. 2006, Museu de Serralves.

[18] CASTRO, E. M. de Melo e. Trans(a)parências: poesia I: 1950-1990. 1.ed. Sintra: Tertúlia, 1990, p. 13.

[19] Os infopoemas de E. M. de Melo e Castro encontram-se no sítio Infopoesia: produções brasileiras: 1996-1999, no seguinte endereço: www.ociocriativo.com.br/meloecastro.

[20] Luísa Correa, bancária e poeta portuguesa, foi quem nos acompanhou por muitos lugares.

[21] Chris Funkhouser (EUA) me enviou um e-mail, assim que recebeu o livro-catálogo na Malásia (ele estava fazendo uma residência artística nesse país), dizendo que jamais tinha publicado um estudo num livro tão bem elaborado e luxuoso. Jim Andrews (Canadá), a quem presenteei com a obra, também ficou igualmente encantado. Esses depoimentos têm um significado especial para os poetas dos meios eletrônicos: suas publicações impressas são geralmente feitas com muita parcimônia, uma vez que essas atividades não recebem o devido apoio financeiro nesses países.

[22] Até o presente momento, minhas pesquisas, apoiadas por outros estudiosos, comprovam que é o primeiro videopoema da Europa e das Américas.

[23] Pintor, professor, formador e crítico de arte, membro da A. I. C. A., autor de “Da´da-Zen: pintura-escrita” (2005).

[24] Escritora, e directora da Unidade de Cultura do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Mestre em Língua, Cultura e Literatura Inglesa e especializada em Teoria da Comunicação.

[25] Professor da Universidade de Coimbra, poeta, autor de Cras! Bang! Boom! Clang! (1991), Pixel Pixel (1992) e Parece que não não morro (s.d.), além de poesias visuais e digitais no sítio www.ci.uc.pt/pessoal/mportela/mpwebvisualtexts.htm.

[26] Poeta, professor auxiliar da Universidade Fernando Pessoa, membro-coordenador do CETIC, bolsista de pós-doutorado da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (MCTES) com o projeto “Hipermédiia, Poesia e Crítica”, tendo como docente responsável o Prof. Sérgio Bairon, do Programa de Comunicação e Semiótica da PUC SP.

[27] MIGUEL, Carla Sao. Conferência sobre Poesia Electrónica no Brasil. Disponível em: http://diglitmedia.blogspot.com/2006/04/conferncia-sobre-poesia-electrnica-no.html. Acesso em 14 ago. 2006.

[28] FERNANDES, Joel. Concretizações. Disponível em: http://diglitmedia.blogspot.com/2006/04/concretizaes.html. Acesso em: 14 ago. 2006.

[29] Poeta, artista plástico e performer poético, licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, professor no ensino secundário, publicou 9 livros de poesia, 3 livros infantis, 4 antologias de poesia experimental portuguesa e 2 antologias de poesia visual internacional. É um dos poetas experimentais portugueses mais conhecidos internacionalmente.

[30] No final do mestrado, encontrei, na web, a introdução desse livro, mas não pude encontrá-lo no Brasil.

[31] RODRIGUES, Fátima. Cesário Verde: recepção oitocentista e poética. Lisboa: Cosmos, 1998. (Cosmos Literatura 30).

[32] Vide: www.ociocriativo.com.br/meloecastro

[33] Idem.

[34] Idem.

 

 

 

.

.

Jorge Luiz Antonio é professor universitário, pós-doutorado em Teoria Literária (UNICAMP), doutorado e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC SP), autor de Ciência, Arte e Metáfora na Poesia de Augusto dos Anjos, Cores, forma, luz, movimento: a Poesia de Cesário Verde e Poesia digital: teoria, história, antologias. E-mail: jlantonio@uol.com.br




Comentários (1 comentário)

  1. Fátima Regina Leite de Araujo, Que show de viagem por lugares lindos em Portugal , regada com todo conhecimento e poesia desses gigantes que fazem a diferença em nossa história . Um passeio pela cultura abordando aspectos que eu não conhecia. Parabéns Jorge Luiz Antônio! Você precisa voar daqui! O aquário cultural está pequeno pra você! Parabéns!
    26 janeiro, 2022 as 18:21

Comente o texto


*

Comente tambm via Facebook