Sionismo e antissemitismo


Sionismo e antissemitismo: duas fases perversas no espelho da intolerância totalitária

Para José Arbex, Bernardo Boris Vargaftig, Roberto Nemr & Mauro Schames

 

“Pode-se partir de um traço de caráter dos judeus que domina sua relação com os outros. Não há dúvida de que têm uma opinião especialmente elevada de si próprios, julgam-se mais nobres, de mais alto nível, superiores aos outros, dos quais também se separam por muitos de seus costumes.” (FREUD, Sigmund. “O homem Moisés e a religião monoteísta: Três ensaios”. Tradução de Renato Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 161).

“Não toquem no que é messiânico (…), os sionistas continuam a agir como Hitler, maldito seja.” (Amós Oz. “Judas”. Tradução de Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 225).

“seus habitantes misturam-se uns aos outros,/ como se voltassem de um casamento/ junto com quem retorna de um funeral.” (Yehuda Amichai. “Terra e paz: antologia poética”. Tradução de Moacir Amâncio. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018, p. 55).

No último ato de apoiadores do inominável neofascista golpista, em 25/02/2024, misturavam-se ao verde-amarelo patriotário prototípico da seleção de várzea da extrema direita, é óbvio, as cores vermelho, azul e branco da horda fanática periférica devota do imperialista Tio Sam, desfraldando bandeiras de Israel em gozo sádico frenético pelo bárbaro massacre do povo palestino. Uma semana antes, participando da reunião de cúpula da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, Lula denunciou o genocídio em coletiva à imprensa: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. O escroque bonapartista Netanyahu, primeiro-ministro de extrema direita de Israel, sem fugir ao “script” monológico autoritário antidiplomático, replicou em tom belicoso: “Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro”. Em outros termos perversamente narcísicos, o déspota sionista não enxergaria mesmo no espelho totalitário o reflexo do pesaroso  passado – para sempre o brutal holocausto na memória, para que a tragédia histórica não se repita como farsa (diria Marx: aliás, judeu germânico que, perseguido pelos prussianos racistas, se exilou na França) – na alteridade presente palestina: dos então 30 mil assassinados na Faixa de Gaza, cerca de 12 mil crianças – absolutamente indefesos, os menores são as maiores vítimas do cúmulo da sádica covardia do sórdido fasci-sionismo – foram  criminosamente expropriadas da “garantia do seu futuro”.

Quem cruzou a “linha vermelha” (sintomática cor!), pois, foi o furioso “Führer” Netanyahu, com suas cruéis mãos bélicas sujas de sangue inocente palestino. Ou seja, a tal “crise diplomática” supostamente provocada pela denúncia de Lula, na verdade, foi só cortina de fumaça, estratégico pretexto metonímico para simular que toda e qualquer crítica aos “excessos” do Estado de Israel, no fundo, seriam “antissemitas”, para dissimular que são expressões do velho imperialismo totalitário xenofóbico sionista, de fato, combinado com os novos interesses econômicos das potências aliadas, é claro. Sendo mais direto e “desenhando” para quem não sacou o jogo sujo, a aposta trilionária dos “parceiros” é a seguinte: como há sob a Faixa de Gaza uma riquíssima fonte de gás, a conquista israelense da região, obviamente, seria a “carta de alforria” da União Europeia, que estaria livre da sempre tão indesejada quanto inevitável dependência, enfim, das condições draconianas impostas pela Rússia burocrático-bonapartista do ex-stalinista Putin. Posto isso, que é – como em todas as guerras históricas (das “pequenas” ou “médias” às “Grandes”) – a razão de ser de todo “jogador” (na sintomática metáfora dostoievskiana, com russos, franceses e ingleses – entre “reflexos e refrações” no espelho político-ideológico bakhtiniano – na “mesa de negociação” do consórcio mundial das nações poderosas em disputa pela hegemonia), o fundamental mesmo nesta polêmica inegociável de princípios – a princípio e em princípio, conjunturalmente, a “midiática” guerra “espetacular” contra o terrorismo do Hamas  – é a questão estrutural humanitária. A propósito dos despropósitos, esta declaração de um ex-embaixador tupiniquim ao Valor Econômico (que, segundo o veículo, “prefere não se identificar”), em 19/02/2024, é muito ilustrativa dos valores – nos dois duplos sentidos, econômico-sociais e político-ideológicos  – em jogo: “De fato, para quem é judeu, é muito doído ouvir qualquer comparação com o Holocausto. Foram 6 milhões de pessoas na política de Hitler para dizimar um povo.”

Veja só o cúmulo do absurdo, dito com o paradoxal “impressionismo” tendencioso (de quem teme se expor nominalmente para não produzir provas da farsa contra si) e “objetividade” inconteste (como se a “realidade”, mostrando-se a si mesma, não carecesse de crédito “autoral”). Ou seja, é como se o próprio ex-embaixador, ao se identificar com a suposta “dor” de todo “judeu” ao “ouvir qualquer comparação com o Holocausto”, em primeiro lugar, receasse a generalização: a epígrafe do maior romancista judeu contemporâneo Amós Oz, por exemplo, decerto já o desautorizaria com a propriedade enunciativa, a legitimidade do “lugar de fala”. Para não dizer outro célebre judeu, em gênero discursivo diverso (não literário, científico), que engrossaria o “coro dos descontentes”, como o indefectível físico Albert Einstein, neste clássico introito de sua corajosa carta-denúncia – no calor da hora – aos “editores do New York Times”, em 4/12/1948: “Entre os fenômenos políticos mais perturbadores de nossos tempos está o surgimento no recém-criado Estado de Israel do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut), um partido político muito parecido em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas.” Então, em segundo lugar, talvez uma nesga de pudor – humanizando minimamente o desumano apologista de Israel – lhe tivesse chegado à consciência autocrítica para que não assumisse publicamente tal flagrante insensibilidade diante do sofrimento “doído” do “outro”, cujo grito abstraiu ouvir – como o ignoram os fasci-sionistas e a mídia cúmplice hegemônica internacional. O que parece ter servido ao vassalo ex-diplomata como a solução do perverso teorema totalitário, justificando-lhe o covarde anonimato, haveria de ser o “argumento de quantidade”: embora não creia, a bem da verdade, que este ex-diplomata pudesse sequer estar não pouco abaixo daqueles emblemáticos intelectuais do Itamaraty (como José Guilherme Merquior ou Sérgio Paulo Rouanet, para citar só dois), a quem bastaria o epíteto “Estagirita” para vir-lhe num átimo à memória enciclopédica as páginas da “Arte Retórica” do preceptor de Alexandre, o Grande. Indo direto ao ponto, para concluir o parágrafo como ponte ao próximo, ao tentar refutar a analogia entre o genocídio dos palestinos promovido pelos sionistas e o holocausto dos judeus perpretado pelos nazistas, o ex-embaixador (por que será que não quis se identificar, estando tão certo da tal “grandeza” incomparável da “verdade histórica”?) alegou que seria “muito doído para os judeus ouvir qualquer comparação com o Holocausto”, logo, porque “foram 6 milhões de pessoas em uma política de Hitler para dizimar um povo”.

Pulando uma linha para tomar fôlego e recomeçar sem perder a contundência da réplica, o pressuposto do serviçal de Israel – mesmo aposentado, até a morte o senil escroque anônimo do Itamaraty lhes será sempre servil (isso não é mais que uma rima, jamais será solução, parafraseando Drummond) – é que “6 milhões” é um número incomparavelmente superior a 30 mil pessoas, mais que o dobro, por sua vez, de 12 mil crianças. Em outras palavras, em que pesem as diferenças do caráter de Estado e de regime político entre o nazismo e o stalinismo, parece reverberar mesmo, em mórbido eco perverso fúnebre no “argumento de quantidade” do ex-embaixador reacionário, como numa paradoxal trágica ironia, a mesma máxima sarcástica do despótico grotesco “coveiro” georgiano: “A morte de um é uma tragédia; a de um milhão, uma estatística”. Sempre que me vêm à memória as ruínas daquela inominável barbárie – “holocausto” é um possível dizer da falta para a impossível falta do dizer – da insignificância da vida humana, “demasiado humana” (o Nietzsche “nazista” foi apropriação indébita – e anacrônica – de sua leviana estúpida irmã), em fragmentários signos metonímicos no Memorial de Auschwitz, o “imaginário” tenta compensar a “frustração” da “privação” do “real” – nos termos de Lacan – através do substituto “simbólico” da falta dolorosa. Sem entrar em complexos meandros digressivos psicanalíticas, desviando o foco temático contextual problematizado, o fato é que, embora não sendo judeu (logo, não  podendo ter “perdido” ali quaisquer elos genealógicos), sinto profundo pesar pela brutal desapropriação do pertencimento à grande família ancestral humana ao lembrar as 7.7 toneladas de cabelos, as 400 próteses dentárias, os 110.000 sapatos, as 4.000 malas, os 12.000 utensílios de cozinha, os 250 trajes religiosos judaicos e os 870.000 vestidos (em sua maioria – veja bem! – crianças). Jamais como uma estatística, é imprescindível sublinhar, mas como a morte trágica de cada um; na alucinação febril desejosa de separar cada fio de cabelo, crespo e liso, preto e branco, restituindo-lhes a todas as cabeças de direito – o “imaginário” enxerga os crânios perdidos no “never more” –  de que foram separados pela brutalidade despersonalizante totalitária. Queria devolver a cada arcada dentária – das bocas silenciadas para sempre – suas próteses; a cada mão – como se adivinhasse pelas falanges marcadas nas alças – suas malas. Mesmo ignorante no judaísmo e ateu convicto, gostaria de devolver as vestes sagradas a cada devoto “profanado” pela inquisitorial intolerância dos falsos “cristãos” nazistas. Quem dera pudesse pôr nas hábeis mãos culinárias daquelas grandes mães seus utensílios “de condão”, e provar a mágica proustiana de seus deliciosos quitutes milenares, junto com suas crianças correndo com seus vestidinhos inflados de vento feliz qual balõezinhos festejantes. O que nunca fechará a conta é que cada uma dessas perdas é única, singularíssima, definitivamente insubstituível: por isso, jamais “uma estatística”; para sempre, “uma tragédia”. Como a eterna saudade dos avós, dos tios, dos pais, dos primos, dos irmãos, dos amigos, dos professores, enfim, das crianças palestinas que sobreviveram às bombas e tiros nazi-sionistas. Como a eterna saudade dos netos, dos sobrinhos, dos irmãos, dos amigos, dos alunos, enfim, das crianças palestinas que não sobreviveram às bombas e tiros nazi-sionistas.

Vem-me à memória, aliás, como um pesadelo recorrente desta sórdida guerra higienista judaico-imperialista, a foto – veiculada nas redes sociais – de um pai palestino desolado junto ao filho pré-adolescente no leito hospitalar, com os braços amputados à altura dos ombros e apenas os tocos das pernas. Não pude deixar de pensar de imediato, então, no Memorial de Auschwitz, conjecturando se as tão bárbaras atrocidades do nazi-sionismo de Israel contra os históricos inimigos palestinos – primeiros habitantes e legítimos proprietários, portanto, das terras de que progressivamente vão sendo expropriados, desde a criação do Estado de Israel – haverão de ser eternizadas também, para que outra tragédia genocida não se repita como farsa grotesca (reiterando, parafrasticamente, o célebre aforismo de repúdio do judeu germânico Karl Marx), num “Memorial de Gaza”. E se nele, porventura, haveria uma grande – se não a maior – sessão exibindo exclusivamente membros mutilados de crianças e adolescentes vítimas do “Führer” sionista Netanyahu; entre os quais, por exemplo, os braços e as pernas deste desgraçado/destroçado jovem palestino. Quem sabe com sórdidas declarações cúmplices dos mais diversos atores da alta burocracia estatal dos países aliados, como esta do inescrupuloso covarde anônimo – aposentado – egresso do Instituto Rio Branco: “De fato, para quem é judeu, é muito doído ouvir qualquer comparação com o Holocausto. Foram 6 milhões de pessoas em uma política de Hitler para dizimar um povo.” Ou esta da cientista política e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Maria Hermínia Tavares, expondo-se nominalmente ao cúmulo do ridículo e à impiedosa execração pública dos mais argutos olhos democráticos dos quatro cantos, na vexatória crítica à tal então polêmica denúncia de Lula ao genocídio do povo palestino (na coletiva à imprensa após a reunião de cúpula da União Africana, na Etiópia), acusando-a de “desnecessária e inadequada”: “Se a intenção era criticar a reação desproporcional de Israel ao ataque do Hamas, ele poderia ter feito isso com mais clareza e precisão”.

A propósito dos despropósitos, das “ideias fora do lugar” (sintomático traço estrutural – no diagnóstico preciso do clássico ensaio de Roberto Schwarz – da “intelligentsia” subserviente periférica), a crítica à crítica é que parece, na verdade, “desnecessária e inadequada”, uma vez que a questão central, tangenciada – à moda tucana do Cebrap – pela cientista política, não só adequada mas também necessária, é o brutal massacre dos palestinos pelo bonapartismo sionista do governo autoritário do Estado de Israel. Será que dizer o óbvio “com mais clareza e precisão” seria lembrar que a Faixa de Gaza não é um Estado, portanto o povo lá confinado não tem Força Aérea, Naval e Exército, condições necessárias para se falar em “guerra”, e não, pois, propriamente em “genocídio”? Que denominação seria “mais clara e precisa”, então, na torpe “Novilíngua” orwelliana do ex-embaixador e da pesquisadora, por exemplo, para traduzir a barbárie da “política para dizimar um povo”, bombardeando hospitais, escolas, vias de tráfego (ruas e estradas), redes elétricas (e de comunicação, consequentemente), poços de água e habitações, vitimando milhares de mulheres e crianças, bem como centenas de jornalistas? Não são de autoria de Lula – convém enfatizar aos oportunistas filisteus aliados de Israel – as charges que circulam nas redes sociais retratando o primeiro-ministro de extrema direita com o indefectível “bigodinho” do inominável Führer, nem – lado a lado – os “campos de concentração” de Auschwitz e de Gaza.

Para encaminhar a conclusão, “atando as duas pontas” do “cabo ao introito” (para não dizer que não falei – com a impiedosa ironia machadiana – de “Dom Casmurro” e “Brás Cubas”), é providencial trazer-lhes à memória que, em 2017, em palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, o deplorável racista verde-amarelo – então em campanha presidencial – fez este criminoso comentário sarcástico à plateia cúmplice, em indecoroso coro gargalhante: “Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$1 bilhão por ano é gastado (sic) com eles”. Vale recordar, aliás, que o ex-ministro da Educação do governo neofascista, o colombiano canastrão Vélez Rodríguez, rendeu homenagem ao eugenista Oliveira Viana (que, junto com Azevedo Amaral e Francisco Campos, integrou o “Triunvirato Intelectual” – de base ideológica integralista – do Estado Novo) em tese de doutorado cujo título é muito sintomático: “Oliveira Viana e o Papel Modernizador do Estado Brasileiro”. Some-se a isso, ainda, uma inesquecível declaração do escroque general Mourão à imprensa, na qual o autoritário racista vice-presidente agradeceu à “política de embranquecimento da raça” a suposta “bênção” de seu neto ser um “cara bonito”, responsabilizando pelas mazelas do Brasil – com o despudor aristocrático intolerante acintoso das velhas elites escravocratas – a “indolência dos indígenas” e a “malandragem dos negros”. O “Museu da Higiene” de Dresden expusera, em 1934, um pôster com a imagem de um negro – na verdade, um cartaz de “procura-se” – e o seguinte alerta conclamatório àqueles bestiais patriotários “exterminadores do futuro” nazistas: “Se este homem houvesse sido esterilizado, 12 enfermos hereditários não teriam nascido”. Se, em vez da foto de um negro, fosse a de um judeu, os judeus do Hebraica dariam risada? Se Bolsonazi, então, dissesse que um “judeu gordo” pesa “sete arrobas” e “nem para procriador serve”, a claque de extrema direita do Clube Hebraica aplaudiria gargalhando o ex-capitão “piadista” neofascista? Qualquer semelhança entre a tragédia histórica do entreguerras e esta farsa burlesca daquela farsa grotesca periférica, enfim, não seria mera coincidência:

“A forte miscigenação da população brasileira era considerada pela elite um obstáculo ao processo civilizador (…), a ideia de civilização está vinculada à raça branca (…), à sua hegemonia sobre outras raças (…). O pensamento autoritário no Brasil teve na questão racial papel importante para sua consolidação (…), era necessário sustentar outro caminho para reorganizar a sociedade brasileira: o do embranquecimento da raça feito por meio da entrada de imigrantes brancos europeus e a proibição da entrada de novos contingentes de negros (…). Oliveira Viana, desde os seus primeiros trabalhos, defendeu a necessidade do branqueamento do povo para torná-lo capaz de construir a nação”. (In: “Militares e política no Brasil”. Jefferson Rodrigues Barbosa et al. São Paulo: Expressão Popular, 2018, pp. 320-321).

Para finalmente encerrar, trago à memória dos fasci-sionistas tupiniquins – que rotulam, hipócrita e convenientemente, qualquer crítica ao genocídio do povo palestino pelo Führer Netanyahu de “antissemitismo” – um discurso do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim plagiando o propagandista do “nacional-socialismo” Joseph Goebbels, bem como a marcha liderada pela bolsonarista devota Sara Giromini – que adotou o sobrenome de guerra “Winter”, em homenagem à espiã nazista militante da União Britânica de Fascistas – exigindo o fechamento do STF e do Congresso Nacional, empunhando as ameaçadoras tochas nazistas (como a horda hitlerista em 1933) e com máscaras brancas da Ku Klux Klan (a criminosa organização paramilitar supremacista surgida em 1866 no sul do EUA, responsável por inúmeras perseguições, torturas e assassinatos de negros e ativistas dos direitos civis). Para dar outra prova de que qualquer semelhança entre os verde-amarelos – vermelho, azul e “brancos” – com bandeiras de Israel no ato de extrema direita de 25/02/2024, portanto, não poderia ser mesmo mera coincidência, convém sublinhar que o slogan ufanista do inominável golpista “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos” é versão do perverso mantra patriotário repetido fanaticamente pelos hipnotizados acéfalos fiéis do delirante psicótico “mito” megalomaníaco Adolf Hitler “Deutschland über alles”: cuja tradução – veja só a tragédia histórica encenada como farsa burlesca na periferia tropical do capitalismo  – é “Alemanha acima de tudo” (bordão-refrão do Hino Nacional alemão, eliminado após a queda do III Reich).

PS: Não poderia deixar de citar estes três parágrafos complementares – para “atar as duas pontas” da denúncia – do excelente texto “De Gaza à Baixada, a guerra é contra os mesmos senhores!”, de Carolina Freitas e Mateus Forli (publicado no site marxista revolucionário “Cisma”, em 28/02/2024):

“Em cinco meses, 1.5 milhão de palestinos tiveram que fugir de suas casas, 30 mil foram assassinados, 2.2 milhões estão sitiados. Todos sob risco iminente de morte pela fome e desidratação, além das bombas ininterruptas e da ausência (agora total) de medicamentos e atendimento hospitalar.

Repetimos: há o risco de mais de um milhão de crianças morrerem pela fome. O povo palestino está sendo exterminado em câmera lenta na nossa frente.

A mais de 10 mil km de distância, por aqui, em 23 dias, 33 jovens pretos, pobres e periféricos foram assassinados pela Operação Escudo, na Baixada Santista. Dezenas de famílias tiveram suas casas invadidas, suas vidas ameaçadas e seu cotidiano transformado em terror.”

 

 

 

 

 

 

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Paulo César de Carvalho nasceu em São Paulo em 22 de abril de 1970. É bacharel em Direito e mestre em Linguística pela USP. Escreveu em coautoria o material paradidático Arte e Cultura nos Anos 60 (Editora Anglo). Foi editor do boletim Texto & Cultura, colaborador das revistas Discutindo Língua PortuguesaDiscutindo LiteraturaArte & InformaçãoLivro Aberto e Libertárias e consultor da TV FUTURA no programa Tá Ligado? Foi curador da exposição Linguaviagem (organizada pelo Museu da Língua Portuguesa e Ministério das Relações Exteriores), que abriu em 2010, em Brasília, o Congresso dos Países Lusófonos. Sua dissertação de mestrado intitula-se Fragmentos epistolares de um discurso amoroso: elementos para uma análise semiótica do estatuto do gênero “carta de amor”. Tem poemas publicados no livro Na virada do século – poesia de invenção no Brasil (Landy Editora) e na antologia portuguesa Poezz (Almedina). Em 2010, lançou o livro Toque de Letra (editora nhambiquara).  Tem parcerias com Tatá Aeroplano, Gustavo Galo e Cabelo (Trupe Chá de Boldo), Pélico, Juliano Gauche, Carlos Zimbher, Reynaldo Bessa e Wella Borges Costa. E-mail: carvalho70@gmail.com


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