A Estética de E.M. MELO E CASTRO


ZIGUES-ZAGUES sobre planos-moventes-ESTÉTICOS de E.M. MELO E CASTRO

 

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“não há conhecimento, somente reconhecimento”

Weinsheimer

 

“aquele que pertence deveras ao seu tempo […] é alguém que não coincide perfeitamente com ele nem se adapta às suas exigências e é por isso, nesse sentido, inactual; mas, precisamente por isso, precisamente através do seu distanciamento e do seu anacronismo, é capaz de perceber e captar o seu tempo melhor do que outros.”

Agamben

 

 

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Possivelmente na avalanche sedutora dos gestos mutantes das falas reavemos as forças do mundo, os volteadores das despituras do mundo, outros ritmos sacralizadores-rupturadores das línguas e aproximamo-nos do ilimitado dentro da fissura incomensurável, dos espelhos interactivos que nos transportam para a retradução inobjectivável da antropogénese( paroxismos interrogativos, dínamos mitológicos incarnados numa geografia de fluxos, de irrupções insondáveis-caóticas dos signos). Esta alucinada heterogeneidade que nos incandesce, nos esculpe na dramatologia antropofágica das expressividades órficas: continuamos no acontecimento heraclítico e na perplexidade prismática do deserto, do desassossego em cavalgadura sonâmbula( os abalos das falas anárquicas que nos fazem escutar os murmúrios humanos-animalizantes): a fissura estonteante está aí; quem somos nós entre vidas fabuladoras que enfrentam as esfinges intraduzíveis e as inscrições fantasmagóricas? Quem somos nós no balanço do grito das alterizações e das disseminações pré-babélicas?  Quem somos nós na latência da intemporalidade das devastações metacorporificantes? Quem somos nós no avesso do corpo im-pensado?

O corpo errante, acústico, dançante, interrogativo, ciclópico dialoga com as eclipses vazadoras de luz e com os descentramentos do mundo impulsionando as correspondências dos rompimentos sígnicos e as mutabilidades das cirandas do desaparecimento; percorremos a desescrita que é signo-movente-flutuante em desastre-regenerativo entre dobras espectrais destruidoras de fronteiras e dos itinerários das línguas sempre trespassadas pelos sussurros tumultuários: aqui emancipamos vida, fundimos vida corporificando o silêncio do inacessível, as bordaduras do “principio da incerteza”, as ciclicidades da interrupção espontânea por meio dos esboços dos movimentos da semiose interminável e das instabilidades que o inesperado provoca no possível conhecimento: esta vontade espiralada que nos perturba dentro das diferenças, das cegueiras cosmogónicas,  das singularidades que são simultaneamente o cosmos e o inominável sem respostas:

(afastamo-nos e recolocamo-nos concomitantemente nos intervalos dos rituais e na linguagem dos povos antigos em devir que nos projectam geografias intersticiais e variações infinitesimais dos metafenómenos: eis a experiência do profanável onde a tentativa da crítica se regermina nos feixes das dúvidas da própria crítica, no erro criativo, nos erros espectrais de Ulisses____esse lugar-nenhum que nos desmorona nas releituras dos declives sombrios do corpo-texto-paradoxal: a hemorragia recomeça nos espelhos das artes que avocam os olhos negadores do verbal para atravessarem violentamente os espaços da visão-criativa, a reflexividade circulante entre os escoamentos de perspectivas variáveis e as nascenças ininterruptas das matrizes do não-saber).

Avivamos a coexistência nos entrelaçamentos de linguagens, de diferenças e de dinâmicas sensações que antecipam vertiginosamente a vida para recomeçarmos ininterruptamente na evidência indecifrável, nas trilhas movediças, na fertilização obscura-feiticeira que é velocidade do espanto: assim viajamos em fortes potências corpóreas e incorpóreas onde o mundo estético-ético-cientifico é gerado na dinâmica ziguezagueante do “ querer-dizer-desdizendo”,  instaurando  plasticidades multivariantes,  conexões singulares, exaltações desdobradoras de tempos e de tensões enlaçadoras de tensões( tudo se desmembra e se desmancha no desmesurado do corpo-fenda-de-batidas-ecoantes): o espelho desaparece noutro espelho e faz do corpo do leitor um mergulhador de in-visibilidades: vidas de puras imanências, de alteridades, de novas formas de expressão que nunca se subordinam, subjugam  à homogeneização e às estruturas standartizadoras-deterministas porque se alimentam de teatros de contrastes sincrônicos e de espessuras dionisíacas: paradoxalidades suspensas na floresta-da-língua onde os possíveis realces absorvem permanentemente o vazio, as curvaturas pendentes, as fecundações hipnóticas e o desconhecido ): em cada instante se recria o caos entre implosões rítmicas de incertezas e de epifanias.

A existência dinâmica do devir evolutivo muturaneano  é cartografado pelo eterno retorno do olhar-olhante em mosaico que constrói intensidades e multidimensionalidades poéticas-artísticas: a rede de conversações estético-ciêntíficas faz-nos deslizar criativamente na ética alucinante do viver perante a presença inabalável da incompletude humana e das interacções ampliadoras, transformadoras das  transversalizações autopoéticas( rumores intercalados retraindo expansivamente e assentando  a teoria-crítica em planos moventes das outridades ou mesmo na arte dos colapsos e das falas arqueológicas onde o grito-trapezista tenta restaurar-se): vejam o instante da eternidade a fecundar o drama dançante-prestidigitador da correnteza humana-natura…resistindo…resistindo e transgredindo, subvertendo as identidades existentes, o pré-estabelecido através de alfabetos convulsivos e de auscultações de uma língua sem idioma que vive das ressonâncias hieroglíficas-zoológicas do inumano-humano-nómada( risco-falta-falha-fulgor-assimilação-acaso-pensamento).

É por isso que tento escrever-caminhar sobre as dobras das linguagens em potência oracular-evasiva-cinemacromática-permutatória-navegacionável, ou seja, sobre as abduções intertextuais-in-dizíveis e de re-posicionamento genético-espaciológico da agoridade artístico-cientifica de E.M. Melo e Castro: caos-vivificante que dilata a memória colectiva, a memória histórica da LÍNGUA electrónica-óptica-táctil-petrológica   em conexão com o pensamento em experiência, potencializando  as circunvoluções das forças da heterogénese e o descentramento da língua em sublevação refectiva( êxtase inominável diante das tatuagens das gestações misturadoras de signos que afrontam o caos cerebral e a crítica em decomposição porque  jamais navegará na evidência-total ou se reconstruirá nas correntezas totalizadoras-racionalizadoras.

É nas lacunas das texturas-da-vida, nos extravasamentos de ocultas amplitudes, no pensamento geológico-espeleológico-arqueológico-atlético, nas bordas da cartografia corporal, no magnetismo dos riscos, nas chicotadas das palavras-surfistas e nos larvários onomatúrgicos que a crítica tenta sobreviver): é esta tecedura gongórica-mutante, de interferências cambiantes e de jogos estéticos que nos recria e nos faz recomeçar continuamente nos rastros labirínticos, rompendo todas as regras dentro do alto-mar de THAUMADZEIN

Esta tentativa é também para vivenciarmos outras variantes, OUTRAS energias encantatórias, outros atravessamentos-escrileitores que se reinventam e se conflagram nos multímodas dilemáticos  da vida que se revigora nas confluências da agoridade-ancianidade-futurível_________este vórtice de interrelações que captura e assimila  os deslocamentos perscrutadores da experiência pela experiência da memória excessiva e dos revestimentos cronológicos sem datas( forças dentro de outras forças povoando e catapultando a estranheza do mundo):  fazer dos conhecimentos o mais potente dos afectos como diziam SPINOZA E NIETZSCHE.

O conhecimento e o devir-vivificante são as forças motrizes das relações humanas, o magnetismo do holomovimento-plurivalente onde tudo estremece e sofre mutações. O HUMANO-natura-DEVIR surge nas relações de forças, no entrecruzamento das epifanias impronunciáveis e nas sondagens escaladoras de enigmas que abrem fisionomias em fragmentação, regenerando as polifonias afectivas e transmutando pensamentos da cosmovisão estética onde se verifica os desvios contagiantes, as combinações infinitas de jogos das rotas contrárias e as correntezas da loucura estilhaçadora de olhares e de itinerâncias: é aqui que os devires circulam desfocados e nos energizam  para as sombras da criação-contínua : redigo, reforço: eis a ética viva, a alucinação das expressões onde todo o acto de conhecer faz surgir um mundo de percursos rupturantes e de crises do já-dito, porque a vida é um processo de re-conhecimento,  de polimorfismos, de desvairamentos, de disrupções estetizantes_________viver é re-conhecer, acolher  rotas espontâneas  e espiritualizar a violência na matéria em agitação estética: continua transformação do devir linguístico, rotação vertiginosa emancipadora do homem-natura entre pluralizações de mundos e transferências das danças semânticas-desérticas( extensa estrangeiridade dos vestígios da escrita. É na escrita do inacabado escorregadio que o crítico cai clandestinamente, obliquamente , sente os ecos refractantes, refractados e se anula, desaparece na realidade estranha como um fluxo interminável do dentro-e-fora-de-tudo-em-tudo diferentemente perturbador e meteorizador , relembrando Heráclito)

O pensamento acontece nas dobraduras ondulatórias da abdução, na cosmovisão corporal, nas línguas nativas-zodiacais, nos reflexos do mundo, na voz não-falante, nas cartografias desassosegadoras. Abdução é multiplicidade intima em desassombro que transborda nas expressões sedutoras da ciência, da arte e onde o estar-no-mundo acontece na experiência dos labirintos imanentes da vida

(transformamo-nos em intermitências problemáticas nas assombrações da ciência-escritura e a resposta será sempre outro fantasma da impossibilidade, outra grandeza fabuladora do deserto)

É urgente incorporarmo-nos na ciranda de intensidades das artes-ciências e provocar dúvidas, interrogações, travessias, oscilações pulveriformes que serão absorvidas pelos rizomas dos signos estéticos, pelas vozes-sem-lugar, pelo corpo-desértico autofagicamente meteórico e quase-idiomático: aqui regeneramos magicamente a presença-ausência em risco mundificado: aberturas inexplicáveis, mapeamentos polinizadores,  fissuras cartográficas, visão do imperceptível, volatilidade das redes neuronais, alavancamentos de conexões órficas, vascularizações multangulares, eixos rítmicos pansemióticos, incisões antilineares,  imersões incandescentes e dançantes________traçado rítmico do olhar-boomerangue

Entrar na obra INCOMENSURÁVEL-singular -transgressiva de ERNESTO MELO e CASTRO é ser contaminado por imagens-choque pré-babélicas onde tudo se desmorona e se regenera indomavelmente com outras tonalidades sem qualquer onda explicativa: é ter a sensação dos rasgos complexos  das permutabilidades e dos dédalos mutantes do pensamento:  vizinhanças incicatrizáveis da liberdade multiperceptiva-sensorial, destruidora de fronteiras que nos assombra e nos reconstrói dentro da memória-sismológica e do porvir onde se reconciliam as línguas em confronto com os deslizamentos dos espectros descomunais: correntezas polissémicas de escutas e de capturas que nos tornam nómadas dentro da cosmicidade, da in-temporalização  e das transfronteiras poliédricas-fecundantes das artes-ciências, assim sentimos a reconstrução do mapa cósmico, os ecos das escrituras numa linha de fortíssima e interminável experimentação.

ERNESTO MELO CASTRO sabe que só nos tornamos imprevisivelmente modernos quando penetrarmos profundamente na grandeza das superfícies dançantes da antiguidade, nas urdiduras do incriado, na cronologia sem data, no AION, na pulverização da utopia-criativa para nos constituirmos como ecos fractais de alucinantes sensorialidades

Sim…há nas construções de ERNESTO MELO e CASTRO o reconhecimento movente, um caminhar suspenso nos reflexos oblíquos, um olhar permanente para o não vivido que faz irromper a intensa afectividade dos corpos em fendas desterritorializantes : desequilíbrios plurivocálicos que se infectam criativamente sobre planos moventes-multiformes: estas sombras das errâncias sonoras miscigenam-se dentro de fluxos cortantes e estranhamente esfíngicos, misteriosos onde se infinitizam os ecos das metamorfoses, os desvios das infravisualidades, a inacessibilidade vertiginosa, as zimbraduras, as contracturas sinestésicas, os traços caleidoscópicos, os acasos conflituantes, o estonteamento pollockiano, as expansibilidades das multiplicações de matrizes  que retraçam os nossos corpos-leitores, buscadores  dos re-começos  e dos lances da loucura transfiguradora….e… vamos assim até ao grito da construção-explosível que trespassa o pensamento estético-fragmentado e se exaure na escoadura-dançante onde tudo tenta recuperar as ressonâncias das obscuridades através das vozes indeterminantes e das forças de resistências vivas: tudo se torna deserto, se transforma na densidade obscura  e sentimos a urgência do impossível, a urgência de povoar o desconhecido, de escutar o poder subversivo dos sons escondidos.

ERNESTO MELO e CASTRO sempre interrompeu os circuitos do mundo, com suas dinâmicas estéticas entrelaçadas, construindo estilhaçamentos, desfocagens, instabilidades,multiplicidades heterogéneas ________misturava tudo até explodir como potência estética informulável: rebentação das celsitudes da intermundaneidade que nos leva para as vidas profundas de todas as formas, rememorando as cores vivas de KANDINSKY e a força que rasga a terra num fluxo incessantemente diferente( fluxo incomensurável à anterioridade da palavra que se abre ao pensamento-corpo-mundo instaurador de escavações circulares-ovais-claviformes do universo poético: a palavra quando surge confronta-se com as subducções corpoferárias-ovarianas, provocando andamentos luteínicos e pontilhismos ressoantes_______louco e espiritualizador interface que alimenta a catástrofe emancipadora de signos-desmemoriados necessários para intensificar as visões e as vozes sem hierarquias

Quando escutamos-lemos-sentimos-vemos as construções de ERNESTO MELO e CASTRO somos atravessados por coreografias convulsivas, jogos de perspectivas, coreografias de zonas de intensidades, alfabetos nómadas, escritas e  desescritas em deslocamento, rostidades e visageidades do inumano do humano, encontros sincopados, zonas de intensidades contínuas________transduções….: vejam, a estética que nos projecta para a experiência das sensações, do pensamento e para os feixes de imensas tonalidades: vejam as misturas da luz excessiva onde se criam os desregramentos e tudo se torna indiscernível  porque a estetização de ERNESTO MELO e CASTRO é cataclísmica, vive da meteorização e do transbordamento de limites para acontecer novamente na regeneração do fascínio da imagem a-centrada: somos sempre transportados para estados de indeterminação e trilhamos o mundo com  zonamentos fractalizadores, corporologias em planos mutáveis: circuitos de forças destruidoras de qualquer tentativa de representação

GOETHE disse-nos que NÃO HÁ CORES PURAS e a OBRA de MELO e CASTRO irrompe extremada , policromática, vibrátil conectando sempre com as inseparabilidades, com o indizível, com o furor da ruína da palavra e do corpo: eis a proximidade do descaminho e a sugestividade agramatical que faz de nós acrobatas.

Navegar nas construções de ERNESTO MELO e CASTRO é tentar traçar um plano na imanência caótica onde o pensamento se desdobra continuamente em conceitos-de-choque. A imanência envolve todas as relações, todas as analogias e os nossos sentidos caotizam-se para desfazerem as representações, as classificações: é nos socalcos, no risco, nos acoplamentos, nas estrias, nos umbrais que absorvemos a obra de ERNESTO MELO e CASTRO : estamos a experimentar a ESTÉTICA do mundo e sentimos a experiência crítica-sensorial: hiperdimensionalidades, imprevisibilidades, desterritorializações, interfaces que assumem o não-lugar, estranhamentos, paradoxalidades, multifocalidades sem visibilidade-total, correntezas telemáticas, perspectivas opostas, ritmos ergódicos____o famoso Teorema ergódico em forma abstrata, elaborado por George David Birkhoff onde em geral, a média no tempo e a média no espaço não são necessariamente iguais..,…o POETA LANÇA-NOS para os alvéolos do abalo e da perturbação.

Se JOYCE percorreu os rastros de HOMERO e se a ESCRITA acontece nos entrecruzamentos da MEMÓRIA COLECTIVA e do esquecimento re-criativo,  ERNESTO MELO e CASTRO como Guimarães Rosa potencializaram as palavras nas suas energias mostradoras  de espaços estriados, de fluxos alucinantes, de potências afectivas_____sertões ondulantes atravessados por fissuras acústicas e pelas dobras variadas-pensantes-reinventivas-des-territorializadoras e cosmoficadoras: aqui estão os traços das  vizinhanças da fascinação

ERNESTO MELO e CASTRO ensinou-nos que literatura é o reconhecimento do reconhecimento, o limite dos limites e como Homem de pensamento em singular experiência nos fez mover em terrenos movediços, em profusões, em diversidades epifânicas e em sublimes perspectivas que alargaram as nossas vidas vivificadas e vivificantes entre a loucura persistente do inacabado que é o motor da criação ( avivando PIERRE BOULEZ)

ERNESTO  MELO e CASTRO sempre colocou a linguagem em  situação de crítica permanente. Fez-nos ficar suspensos na floresta da língua: fez-nos ver que viver é explorar todas as possibilidades criativas, todas as formas experimentais , todos os estranhamentos geográficos….assim revolver  a vida numa correnteza de imanências absolutas onde dentro e fora não há distinção, mas movimentos de rupturas estéticas

ERNESTO  MELO e CASTRO é INCLASSIFICÁVEL, porque nos leva para intensas multiplicidades.Chamou-nos sempre para as suas artes das antecâmeras, para os ecos dos lugares estranhos onde a reflexão é infinita, provocando no nosso corpo-olhante um movimento vai-vém (boomerangue): é a magicatura do confronto com o abismo interrogativo que nos desvia para o pensamento resvaladio, descentrado, experimentador, emancipador.

ERNESTO MELO e CASTRO sempre DESTRUIU, COMBATEU A NORMALIZAÇÃO, A  NORMOSE IMUNIZADORA DA VIDA, O PODER SOBRE A VIDA, ele sempre resistiu a qualquer tipo de poder. A sua obra desliza no pensamento da diferença e acontece como estética destruidora da fixidade, da significabilidade, desdobrando as suas margens, seus territórios que se desterritorializam através de forças de contágios, de propagações, de transversalidades, fluxos cósmicos onde nos perdemos porque experimentamos a vida: forças cosmológicas que nos cortam e nos interrompem esteticamente, cosmovisionariamente:

(signos migradores, signos dançarinos em NOVOS territórios):  um artista-devir que advém como uma multidão cruzada pelas expressões-moventes: palavras, cores, sons, interactividades, performatividades, múltiplos-suportes,  mutações espectrais, originais-espaços topológicos, sinestesias espaciais, ritmos intervisuais, arte oscilográfica, floresta semiótica, holopalavras, cibridismo-estético-ciêntifico, ritmos ondulatórios, jogos permutatórios, cartografias tecnológicas, elementos cibridos, etc: é a potência de atormentar, perturbar, interrogar, porque nos provoca deslocamentos, destruindo qualquer tentativa de conceptualização, DESTRUINDO  linearidades: uma espécie de paisagem caológica-criativa que reinventa o mundo incessantemente: zonas de indeterminação, de desterritoralização, tornando indiscerníveis as fronteiras: sim…projectando a indiscernibilidade, a  indecifrabilidade que ruptura as linguagens com a vontade interrogativa: o poeta faz da vida a aventura errática, singular-criativa-pensante: faz do delírio o verdadeiro homem-natura que recompõe e desmonta continuamente o mundo: age sobre o mundo

AGAMBEN disse-nos….” que é, aliás, um poema, senão aquela operação linguística que consiste em tornar a língua inoperativa, em desactivar as suas funções comunicativas e informativas, para abrir a um novo possível uso? Ou seja, a poesia é, nos termos de Espinosa, uma contemplação da língua que traz de volta para o seu poder de dizer. Assim, a poesia de Mandelstam é uma contemplação da língua russa, os Cantos de Leopardi são uma contemplação da língua italiana, as Iluminações de Rimbaud, uma contemplação da língua francesa, os hinos de Hölderlin, e os poemas de Ingeborg Bachmann, uma contemplação da língua alemã, …”_______a obra de E.M. e Melo CASTRO é também uma contemplação da língua portuguesa: é com essa travessia de sensações que vamos ao encontro da ética da estética do poeta do CHIAROSCURO.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Luis Serguilha é poeta e crítico. Autor de várias obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Alguns dos seus livros: Embarcações (2004); A singradura do capinador (2005); Hangares do vendaval (2007); As processionárias (2008); Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica; no êxtase místico e na violent…a condição humana (2008); KORSO (2010); KOA’E (2011); Khamsin-Morteratsch( 2011); KALAHARI( 2013) estes seis últimos em edições brasileiras. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Seus textos foram traduzidos para várias línguas. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Pesquisador da Poesia Brasileira Actual Foi um dos Curadores do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia. Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO. E-mail: luisfserguilha@gmail.com

 




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