Uma festa literária


“A margem de escolha do artista é maior do que a do homem-em-situação, ser amarrado ao cotidiano.”
Alfredo Bosi

A capital brasileira com mais bibliotecas está festejando a literatura neste próximos dias. Acontece nos dias 22 a 27 de outubro a Flim – a Festa Literária do Medianeira, que (acredito) é o maior evento literário promovido por grupo educacional. Um exemplo para qualquer outra instituição com preocupação voltada à educação.

Num país em que 70% das cidades brasileiras não possuem livrarias, uma programação voltada à criação literária, ao escritor, à leitura, ao debate cultural, é mais do que purpurina. É comprometimento verdadeiro com o mercado local, e não estou falando apenas de público leitor, mas da prata da casa.

Cezar Tridapalli, organizador do evento e professor do Colégio Medianeira, colocou na receita do evento o principal de nosso tempero curitibano. Estarão ali escritores nascidos, residentes e vividos na capital paranaense, como José Castello, Luci Collin, Assionara Souza, Paulo Sandrini, Otto Winck, entre outros.

Sinto inveja deles, é claro. Pois, muitos dos eventos que são organizados por essas bandas não estão nem aí para os escritores de Curitiba (e, como já disse em outras oportunidades, eles não são poucos). Equívocos de curadoria que, espero, mudem rápido. Quanto à minha ausência na festa… bem, um dia aprendo a escrever e chego lá também. Estarei ali como espectador, tietando mesmo.

Enquanto isso, exercitamos a única liberdade que possuímos: a de não parar, de continuar criando, buscando caminhos para não sermos amarrados pelo cotidiano. Como me disse por e-mail a escritora Adriana Lisboa, comemos o mingau pelas beiradas, enquanto muito escritor fica “posando de estrela”. Mas tudo bem, porque os verdadeiros artistas, de maneira discreta, estão tentando criar outro mundo.

O teaser da Flim
A programação completa

 

PS: Adriana Lisboa não estava comentando comigo a respeito da relação metrópole Rio-Sampa e Curitiba, mas Brasil e mercado internacional (Frankfurt e esses confetes todos). Como percebi semelhanças, me aproveitei da fala dela. Pois não há razão para cantarmos de galo, de pagar de estrela, ninguém quer saber de nossa produção. As editoras da Europa não estão assim tão interessadas em escritores de Pindorama, assim como as editoras do Rio de Janeiro e São Paulo não estou com os olhos voltados para a província do vampiro.




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