SERENDIPITY


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De manhã, ao sair do prédio, deparo-me com vários livros bacanas espalhados pela mesa que seria a do porteiro. Pego um deles, atônito com o inesperado em predinho tão certinho: “Antes do fim”, de Ernesto Sabato. Começo a lê-lo no ônibus e no metrô. Um presente: “Nunca tive boa memória, sempre sofri essa desvantagem; mas talvez seja um modo de recordar apenas o que se deve, talvez a maior coisa que nos aconteceu na vida, a que tem algum significado profundo, a que foi decisiva – para o bem e para o mal – nesta complexa, contraditória e inexplicável viagem rumo à morte que é a vida de toda pessoa. Por isso minha cultura é tão irregular, repleta de enormes lacunas, como que construída com restos de belíssimos templos cujos pedações se encontram entre detritos e plantas selvagens. Os livros que li, as teorias que frequentei, deveram-se a meus próprios tropeços com a realidade.” Inacreditável, tbém, que a tradução foi feita pelo Sérgio Molina (Cia das Letras) sujeito bacana que encontrei por acaso justamente quando saia do prédio. Ele mora no mesmo bairro.Onde eu moro? No Alto da Lapa. Serendipity. A palavra mais bonita em língua inglesa (em minha opinião), e a única que eu conheço pra nomear algo assim tão especial.