Para que servem as antologias?


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As antologias fazem parte inalienável da história literária, desde a origem. Ao longo dos séculos, não há período que não tenha produzido uma ou mais, às vezes com nomes curiosos, como crestomatia, epicilédio, pancárpia… Ou florilégio, coleção de flores, que é o que “antologia” quer dizer. Do Cancioneiro da Ajuda, que reúne os trovadores dos séculos xii e xiii, à recente Poesia.br,[i] que abriga poetas brasileiros de todos os tempos, as antologias têm sido uma constante. Sua ideia básica é facilitar a vida dos leitores que não têm tempo de ler tudo, reunindo num volume acessível e bem organizado uma amostra do que está disperso por uma quantidade de livros. Também chamadas seletas, elas proporcionam não só algum conhecimento, mas vão direto ao que há de melhor. Por que ler, por exemplo, todos os poetas parnasianos (são mais de 20, é mais de uma centena de livros) se podemos contar com a criteriosa seleção de Manuel Bandeira,[ii] que nos oferece, num só volume, a excelência do que se produziu naquele período?

Toda antologia, como ato crítico que é, traduz uma avaliação. Ao selecionar, pri­meiro os poetas (ele chegou a 23), depois os poemas (de Olavo Bilac, Alberto de Oli­veira e Raimundo Correia, mais de 20 cada; de Vicente de Carvalho, Luís Delfino e Francisca Júlia, respectivamente, 10, 9 e 7; da maioria, só 2 ou 3), Bandeira emite um juízo de valor, sem precisar expor argumentos: os nomes e as quantidades falam por si. O pres­suposto básico é a confiança que depositamos no organizador da antologia. No caso, e Bandeira repetiu a dose para as demais “fases” da poesia brasileira, é um antolo­giador acima de qualquer suspeita.

Fora da série dedicada a românticos, parnasianos etc., Bandeira organizou outra antologia,[iii] o melhor da poesia brasileira em um só volume, que é um bom exemplo de isenção. Ou de exagero. Bandeira não incluiu a sua própria poesia, nas primeiras edições. Foi preciso que alguém de fora – Otto Maria Carpeaux – interferisse para reparar a injustiça. Impossível conceber uma boa “apresentação” da poesia brasileira sem a contribuição do poeta Manuel Bandeira. Mais tarde, ele repetiu a dose, com outra antologia similar a essa,[iv] dessa vez com a colaboração de José Guilherme Merquior, no capítulo dedicado ao Modernismo.

Sendo um ato crítico, seletivo, toda antologia deixará de fora alguns poetas. In­cluir a todos, indistintamente, seria evidente demonstração de falta de critério. O que se espera de uma antologia é exatamente isto: um critério, com o qual as escolhas serão coerentes. Nos casos extremos, não haverá justificativa para uma seleta ro­mântica, por exemplo, sem Álvares de Azevedo. Um absurdo, todos dirão. Ou para uma anto­logia dos “Anos 2000”, digamos, na qual figurem Meu Primo Joãozinho e alguns re­presentantes da Sociedade Amigos do Bairro… Mas aí nem todos acharão absurdo. É que nas décadas recentes deixou de haver a unanimidade que o tempo se incumbiu de ir construindo, aos poucos, em relação às épocas mais recuadas. Tirante os casos ex­tremos, porém, não há o que reclamar de uma coletânea que exclua A, B ou C e inclua X, Y ou Z, se for um trabalho responsável e competente. Neste caso, o critério adotado será capaz de justificar inclusões e exclusões. Poderemos discordar in toto, do critério adotado, mas será perda de tempo fazer reparos à presença ou à ausência deste ou da­quele poeta.

Problema para valer é a antologia baseada na arbitrariedade do organizador. As seletas das últimas décadas estariam neste caso? Um bom indício é que as discordâncias pontuais são sempre bem mais avantajadas que as concordâncias, mas pouca gente dis­cute o critério. Ou o não-critério. Os anos 90 do século passado, por exemplo, a pretexto de assinalar o final do século e do milênio, foram pródigos em antologias (e a tendência continua, século xxi adentro), mas a inconsistência dos critérios não é privilégio dos anos recentes. Há muito as anto­logias deixaram de ser o que sempre foram: aquele objeto confiável, que revela quais poetas merecem ser lidos. Antes os poetas criavam uma obra, para só então virem a ser incluídos em antologias, e isso confirmava o prestígio anteriormente adquirido; hoje, figurar em uma já confere o prestígio que a obra, quando vier a existir, talvez confirme. Se isso não acontecer, ninguém vai reparar. No intervalo, outras antologias terão surgido, outros prestígios ganharão a luz do dia.

E nada ficará resolvido se os poetas excluídos dessa ou daquela seleta reclamarem e forem atendidos, numa segunda edição. Cada um deles terá feito a sua correção pessoal, mas o problema maior da falta de critério, que levou primeiro a excluir para em seguida incluir, continuará à espera de solução. Os reclamantes saberão que foram bem-sucedidos não porque finalmente se firmou um critério, mas porque eles reclamaram.

Há muito não temos mais unanimidades e a causa é simples: abrimos mão da perspectiva histórica, imprescindível se estivermos interessados em avaliação crítica, judicativa. Se quisermos saber quem é quem, na fase parnasiana ou em outra qualquer, é preciso comparar todos os poetas desse período a todos os do perído anterior e do subsequente. O esforço pode resultar numa antologia, mas não necessariamente. O que conta é o julgamento, a avaliação das obras propriamente ditas.

Perspectiva histórica é o largo espectro que nos permita enxergar, com olhos crí­ticos, as filiações e os desdobramentos. Para isso, é preciso ler… tudo. Esta ou aquela antologia não basta. Perspectiva implica análise crítica, abrangente, no encalço da his­tória interna, e não daquela antiga e falsa história dos ismos ou dos estilos de época, quando não das gerações, das correntes dominantes ou dos lobbies bem-sucedidos.

Antologia é exercício crítico, e não há como praticá-lo sem a necessária visão da historicidade do fato literário. Se não, o que deveria ser julgamento de valor, na antologia, será reduzido a mero florilégio de simpatias e antipatias, até que novo florilégio venha “provar”… o contrário. Paulo Franchetti, um dos mais compe­tentes estudiosos dessa e de outras matérias, tem insistido nesse ponto: “Pensar as for­mas da crítica literária é pensar também as formas de história literária no presente. […] Não me parece que haja possibilidade de crítica dos objetos literários sem uma base histórica, isto é, sem uma postulação de sentido histórico, um quadro de referência”.[v] Alguns críticos atuantes endos­sam a ideia, mas o alerta não tem frutificado na escala que seria de desejar.

Com isso, a poesia brasileira dos últimos 100 anos espera até hoje que sua história interna seja contada sem as deformações de praxe. Para os que acreditam ou simulam acreditar na velha história dos ismos e dos grupos de pressão, vale dizer a história con­cebida como uma espécie de comboio, no rabo do qual é preciso atrelar a cada geração ou a cada década mais um vagão, é como se essa poesia nem tivesse chegado a existir, salvo na realização indivi­dual de alguns dos seus representantes. Mas isso depende, claro, das arbitrariedades da moda vigente ou das idiossincrasias do guru de plantão.

Forçar um rótulo – como “Geração 80” ou “Geração 90” ou outra década qualquer – não é novidade, é só o resultado da inércia, ou da inapetência crítico-interpretativa em relação à literatura como fato histórico. A distorção já começa a se esboçar no início do século xx, mas, se não quisermos recuar tanto assim, podemos dizer que a culpa é da “Geração de 45”, que impôs o seu rótulo e parece que deu certo, isto é, esse grupo de fato cravou o seu nome na história. Para sempre? Bem, o lobby pioneiro da “Geração de 45” só foi bem-sucedido até que as gerações seguintes aprendessem a lição e passassem a fazer o mesmo. Por isso vale a pena recuar ao início do século xx.

Quando aceitaram e até ajudaram a consagrar a designação “Modernismo” – ter­mo esvaziado de conteúdo e destinado a caducar logo em seguida – os pioneiros dos anos 20 permitiram que a história literária se reduzisse à mera listagem de marcos cro­nológicos. Daí por diante, não temos senão rótulos como “22”, “Anos 30”, “Geração de 45” etc. Caso naquela altura tivesse vingado o nome  “Futurismo”, ou o concorrente “Vanguarda”, o resultado teria sido outro?

A partir daí, convencionou-se que não vale a pena perder tempo com o exame distanciado das tendências, correntes e movimentos, ou com o quid específico das obras literárias, que pode conduzir à história interna. Basta adotar uma divisão cronológica, vazia e arbitrária, e subentender o resto. Com isso, “geração”, de simples acessório que deveria ser, foi promovida a con­ceito teórico-doutrinário suficiente.

Com a cortante ironia que caracteriza boa parte de sua literatura ensa­ística, W.H. Auden pondera que, “de início, os críticos classificavam os autores em Antigos, ou seja, gregos e latinos, e Modernos, ou seja, qualquer escritor pós-clássico. Passaram então a agrupá-los por ‘era’, Agos­tinianos, Vitorianos etc., e agora por ‘década’, como escri­tores dos anos 30, 40 etc. Muito em breve, ao que parece, chegarão a classificá-los por ‘ano’, como automóveis. Mas a classificação por década já é inteiramente absurda, pois leva a crer que os escritores, ajuizadamente, parariam de escrever por volta dos 35 anos de idade”.[vi]

Daí resultam algumas distorções. Retalhar em décadas o nosso século xx acaba gerando a expectativa de que a cada 10 anos estoure uma revolução, a fim de que o destino lírico da pátria tome rumos radicalmente novos. Caso contrário, a geração da vez não conseguirá emplacar o seu nome na história. Tal estratégia exige que todo o passado seja “superado” e esquecido, para que a nova geração possa triunfar, livre de obstáculos.

Com isso, vai ficando cada vez mais obscurecido o fato de que todas as gerações de poetas brasileiros posteriores aos dos anos 20-30 vêm-se beneficiando, até hoje, das matrizes introduzidas pelos grandes poetas daquele período: Bandeira, Mário, Oswald, Murilo, Drummond, Cecília, Vinícius… Isto só tem sido possível porque o rótulo “22”, longe de corresponder a algum ideário uniforme e estático, representa um complexo dinâmico de tendências ecléticas, heterogêneas, que por isso pode ser retomado de tem­pos em tempos, a cada vez de um ângulo diferente, como se se tratasse de outra coisa – a radical “novidade”, com a qual toda geração espera contribuir para o patrimônio comum, ainda que o prazo de validade seja só de uma década. A evolução histórica da nossa poesia mostra que “22” continua mais vivo e atuante do que nunca. Mas essa história ainda está por ser contada, e as antologias refletem ou reproduzem o quadro assim armado.

Exemplo de abstinência em matéria de perspectiva histórica é a coleção “Roteiro da Poesia Brasileira”.[vii] Refiro-me ao plano geral da coleção, e não à qualidade crítica de cada um dos seus volumes, confiados a diferentes colaboradores. É uma série de antologias que cobrem todo o percurso his­tórico da nossa poesia, das Raízes (primeiro volume) aos Anos 2000 (o derradeiro). Considerados os cinco primeiros, que chegam até o final do século xix, o plano de fato subentende um roteiro, aquele há tempos consagrado, que abre espaço para Barroco, Arcadismo, Romantismo, Parnasianismo e Simbolismo. Ou seja, até o século xix, o plano da coleção en­dossa o que todos conhecemos, ou julgamos conhecer, em matéria de história literária, e há muito não se discute o teor intrínseco dessa arrumação primária. Graças a isso, esses cinco volumes confirmam as unanimidades antes referidas.

Repare-se que os rótulos atribuídos (acerta­damente ou não) a esses antigos estilos de época, remetem a significados precisos, supostamente definidores de um denomi­nador comum: a Arcádia, o Romanço, o monte Parnaso, o Símbolo… Mas, a partir do século xx, já não mais: os rótulos abrem mão de significar seja o que for, limitando-se a assinalar a precária neutralidade, ou o esvaziamento de sentido do índice cronológico. Com isso (já sabemos) a periodologia substitui a historiografia. É o que se dá com o plano da coleção em causa, que a partir do seu sexto volume desiste da ideia de “ro­teiro” e adota o pseudo-critério da seriação cronológica: Pré-Modernismo, Mo­dernismo, Anos 30, Anos 40 etc. (um volume por década), até os Anos 2000 – como se houvesse um só poeta, ao longo de todo esse tempo, cuja obra e cuja repercussão se circuns­cre­vessem ao curto lapso de dez anos.

Não se trata, evidentemente, de falha ou negligência atribuíveis aos respon­sáveis pela coleção, ou aos nossos críticos e historiadores em geral. O fenômeno é universal, ocorre em todas as literaturas do Ocidente. A partir da eclosão das vanguardas liber­tárias, nos primeiros anos do século xx, o quadro geral passa a ser marcado por des­concertante heterogeneidade, concorrência de tendências que se contradizem e se repe­lem, ausência de uma corrente hegemônica, aglutinadora da diversidade, e de lá para cá isso só tem feito crescer, gerando a pulverização de valores que leva críticos e histo­ria­dores a abdicar das visões de sín­tese. (Ao constatar, em 1948, que escritores come­ça­vam a ser classificados por “década”, e logo o seriam por “ano”, como automóveis, Auden estava longe de imaginar que a sua evi­dente caricatura acabaria por ganhar foros de verdade estabelecida.)

O fato é que a abstinência em relação às visões de síntese, imprescindíveis à reali­zação de qualquer esforço crítico, como é o caso de organizar antologias, tornou-se “lei”, desde o início do século passado. A recém-lançada coleção Poesia.br, mencionada na abertura, oferece bons motivos para uma reflexão a respeito.

Mais modesta que a coleção da Global, a série se contenta com apenas 10 volu­mes – na verdade 9, já que o primeiro, Cantos ameríndios (interessante documento etnográfico de uma poesia ágrafa), não se integra no curso histórico da poesia brasileira. Ao contrário da série da Global, que contou com a colaboração de 15 especialistas, cada qual concentrado no período de sua especialidade, a presente coleção é obra de um homem só, o seu organizador e editor Sérgio Cohn. O defeito de uma seria a qualidade da outra? Pode ser, mas não creio que valha a pena especular por aí. Admitamos que o organizador de Poesia.br esteja apto – como Manuel Bandeira – a dar conta, sozinho, de cinco séculos de poesia, centenas de poetas, milhares de poemas. O aspecto mais in­trigante e promissor, do ponto de vista crítico, é: como enfeixar em 9 volumes a matéria de poesia que, no plano da coleção da Global, precisou de 15? A comparação é escla­recedora.

Os dois primeiros volumes da Global, Raízes e Arcadismo, foram reduzidos a um só no plano Azougue: Colonial. Mas não há divergências significativas: 11 dos 15 poe­tas possíveis (entre os séculos xvi e xviii) coincidem. A surpresa vem em seguida. Os quatro volumes que a Global dedica ao século xix – Romantismo, Par­na­sianismo, Simbolismo e Pré-modernismo – foram reduzidos a um só: Romantismo e Pós-romantismo. A larga cifra de 77 poetas, arrolados naqueles quatro volu­mes, encolheu para 16, sendo que dos 20 românticos sobraram 8; dos 19 parnasianos, 2; dos 24 simbolistas, 3 – o mesmo número a que foram reduzidos os 14 pré-modernistas. Em seguida, outros dois volumes, Mo­der­nismo e Anos 30, foram convertidos em vo­lume único: Modernismo. Segundo a Global, os modernistas são em número de 29, e os poetas dos Anos 30, 12 – na verdade, apenas 7, já que 5 deles figuram também no volume anterior. Descontadas as repetições, são 24 os poetas que a Global abriga entre os modernistas e os dos anos 30. A coleção Poesia.br reduz esse total a 11 – 8 dos quais coincidem com os escolhidos da Global, embora esta situe 2 deles em outro lugar. (Trataremos mais adiante dos poetas fora do lugar.) Por fim, mais dois volumes da Global, Anos 40 e Anos 50, reduziram-se a um só na versão Azougue: 1940/50. A disparidade maior, numericamente falando, diz respeito a esse período: os 90 poetas dos anos 40 e 50, acolhidos pela Global, foram reduzidos a 20 na Poesia.br. Em compensação, daí por diante as duas coleções concordam: dos anos 60 aos dias de hoje, um volume para cada década.

Na comparação, salta à vista o implacável castigo infringido aos poetas do século xix. Gonçalves Dias, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fa­gundes Varela, Castro Alves, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Francisca Júlia, Vicente de Carvalho, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimarães, Augusto dos Anjos, Raul de Leôni, Mário Pederneiras (vários ficaram de fora), e tantos outros, que ali dispunham de quatro espaçosos volumes, são obrigados agora a se espremer em um volume só. Estamos diante de uma avaliação judi­cativa coerente com o restante? Como entender a mimimização de tantos poetas, re­presentativos de tendências tão variadas e heterogêneas, comprimidos no espaço exíguo de um só vo­lume? Impossível atinar com o critério, a não ser que aceitemos como tal o fato evidente de que o antologiador não simpatiza com o século xix, não quer saber de Romantismo, Parnasianismo, Simbolismo etc. e acha que nada disso faz falta ao nosso conhecimento de poesia brasileira. Segundo o plano Azougue (fiel ao plano Global, que lhe serviu de modelo), o Modernismo é fruto de partenogênese – nada a ver com o que rolou nas décadas anteriores.

A minimização imposta a românticos, parnasianos e simbolistas se repete nos casos já assinalados, em que dois volumes foram convertidos em um só. Em nenhum deles a seleção ameaça justificar por que estes ou aqueles poetas foram incluídos ou excluídos. A conclusão é sempre a mesma: não há um critério coe­rente (discutível ou não, o que já seria outra história); o que temos é a escolha deter­minada pela onipotente arbitrariedade do antologiador.

Na ausência de perspectiva histórica, ou do “quadro de referência” de que fala Paulo Franchetti, somos obrigados a aceitar, como “critério” de ordenaçção dos volu­mes, a simples cronologia – datas de estreia dos antologiados, conforme os títulos, nas duas coleções, anunciam. Mas nem aí a coerência é respeitada. No caso da série da Azougue, como entender João Cabral, que estreou em 1942, no volume dedicado ao Modernismo e não no seguinte, 1940/50, ao lado dos seus contemporâneos? E por que Hilda Hilst, que estreou nos anos 50, figura no volume 1960, o mesmo, aliás, onde aparecem Dora Ferreira da Silva e Adélia Prado, que só estrearam nos anos 70?

São vários os poetas fora do lugar, ainda que se trate da obviedade das datas, preteridas em favor da “flexibilidade”. Diga-se a bem da verdade que, além de com­preensível, isso não gera grande confusão. A antologia da Azougue apenas reforça a confusão que vem-se firmando há mais de 100 anos, responsável por exclusões e inclusões inexplicáveis. Manoel de Barros, João Cabral, Hilda Hilst, Adélia Prado e outros, fora do lugar? Nenhum problema. Todos nós apreciaríamos a tentativa de agrupar os poetas por afi­nidades estéticas e não por mera imposição de datas. Mas não é este o caso. Esse falso reagrupamento tem por finalidade tão só… uniformizar o tamanho dos volumes. É que só a história interna daria conta do reagrupamento para valer, e seria preciso abrir mão da cômoda cronologia, já a partir de 1922. Naquela altura, a antiga história dos ismos foi abolida, e em seu lugar acei­tamos dividir o bolo em fatias regulares de 10 anos cada. Isso resolve o problema da falta de perspectiva histórica? Evidentemente não, o problema só se agrava. Mas a divisão cronológica é tão mais simples e confortável… E não causa embaraços, desde que não se questione o critério.

Um dos exemplos mais flagrantes é o dos anos 40/50, que a Global separa em dois volumes e a Poesia.br junta num só. Já vimos o resultado: 90 poetas reduzidos a 20. Não há critério capaz de justificar, seja a abundância da primeira, seja a modéstia da segunda cifra. Acontece que o período, dos mais turbulentos em matéria de política literária, foi dominado pela assim chamada “Geração de 45”, que em seguida passou a contar com a antipatia generalizada de todas as correntes. Compreende-se, dessa forma, que João Cabral tenha insistido mais de uma vez em que não tinha nada a ver com os ideais da “Geração de 45”, quer dizer, do grupo que pretendeu ser o dono da geração toda. Além de João Cabral, o período conta ainda com vários outros poetas que também têm pouco a ver com os de “45”, salvo a coincidência das datas. Que culpa tem Mário Quintana de ter estreado em 1940, e João Cabral em 1942? Ou Joaquim Cardozo e José Paulo Paes, em 1947? Se chegarmos aos anos 50, ali temos a estreia de Renata Pallottini, 1952, ou a de Sosígenes Costa, 1959, que também têm pouco a ver com os ideais estéticos da “Geração de 45”. E que dizer de Manoel de Barros, que estreou em 1937, mas a antologia da Global inclui no volume Anos 50? Mais uma vez: a história interna colocaria esses e outros poetas em seu devido lugar, em vez de submetê-los ao constrangimento da enganosa e enganadora cronologia.

Além do quê, para agravar o quadro, esse largo período (1940/50) abriga ainda o grupo con­creto, cuja oposição a “45” é notória. A coleção da Global, cautelosamente, separa o período em duas décadas, um volume para cada: no primeiro pontifica a “Ge­ração de 45”, no segundo prevalecem os concretos. Mas isso traduz apenas uma estra­tégia diplo­mática, e não uma adequada compreensão estético-literária do período. A separação só faz esconder que, a despeito das profundas divergências entre “45” e Concretismo, há vários pontos de contato, a irmanar (parcialmente, está claro) as duas correntes. E a Poesia.br, tendo tomado a acertada decisão de enfeixá-los num só vo­lume, perdeu uma boa oportunidade de avaliar criticamente o quadro todo, já que passa ao largo das questões aí envolvidas.

No mais, a ausência gritante de nomes como Oswald, Murilo, Jorge de Lima, Ce­cília, Bandeira e Cassiano Ricardo, na seleção da Azougue, talvez não se deva à ina­petência histórico-literária do seu “plano”, mas às dificuldades de negociação com os detentores dos direitos autorais desses poetas. Além disso, pesa também o fato de a Poesia.br ter adotado, dos anos 60 em diante, um número fixo de poetas por década: 16. Quer dizer que cada geração tem direito exatamente a esse número de representantes, nem mais nem menos? Se determinado momento for especialmente fértil e tiver uns 20 poetas anto­logiáveis, paciência: 4 ficarão de fora. Se, ao contrário, a década não for um primor de fertilidade e tiver só meia-dúzia de nomes que mereçam figurar numa antologia, paci­ência tam­bém: outros 10 ganharão um destaque imerececido. Tudo em nome da unifor­mi­dade e da distribuição equitativa do espaço disponível. (E isso permite que vários poetas migrem de uma década a outra, caso o planejamento gráfico assim o imponha.)

Se até o século xix o consenso predomina, assim-assim, não havendo aí muito que discutir, as disparidades imperam, soberanas, nos últimos 60 anos, o largo período em que o relativismo se instala, e em relação ao qual, não por acaso, as duas antologias es­tão de pleno acordo: nenhuma tentativa de arrumação crítica, um volume para cada década e estamos conversados. Difícil distinguir entre relativismo e vale-tudo.

As quantidades em matéria de poesia não chegam a ser decisivas, mas podem ser reveladoras. Somadas as escolhas das duas coleções, temos que até o final do século xix (400 anos) o país conta com 93 poetas; daí até hoje (pouco mais de 100 anos), o total é de 396. É pouco provável que a potencialidade lírica da raça tenha se agigantado tanto em tão pouco tempo. Mais razoável do que apostar na cativante hipótese é atribuir o fato ao ecumenismo resultante da abdicação de critérios de rigor, desde o momento em que se impôs o comodismo da partição em décadas.

Computados os números das duas coletâneas, constatamos que, da origem à atualidade, somos uma nação de 489 poetas. Mas todos sabemos que efetivamente de alto nível não são mais que uma dúzia, uns 15, talvez. E seria uma puerilidade querer saber quais são esses 15. Quem detém o conhecimento, a competência e a autoridade para julgar um cer­tame desses? O problema não está aí. O problema está em que, quaisquer que fossem os 15 eleitos, os 474 restantes são todos absolutamente imprescindíveis, no seu modesto papel de coadjuvantes que pavimentam e desenvolvem, uns com mais, outros com menos talento, as trilhas abertas pelos realmente grandes. Sem aqueles, sequer saberíamos que estes são merecedores de desta­que. Mas qual o poeta ou a geração que aceita o seu papel de coadjuvante? Como não há consenso a respeito, a confusão e o vale-tudo se instalam.

É o que se passa com os anos 60, a julgar pela disparidade de trata­mento dado a esse período, nas duas antologias. De acordo com a coleção da Global, essa década conta com 41 poetas antologiáveis, e a lista poderia crescer, sem baixar o nível da poesia aí representada. Mas, de acordo com a Poesia.br, são só 16 (número-chave, como já sabemos, fixado pelo plano editorial e não pela efetiva qualidade in­trínseca dos poetas selecionados). A distância é considerável, mas não surpreende: são as preferências pessoais de cada antologiador; é o variável número de páginas conce­didas a cada poeta; são as limitações impostas pelo planejamento gráfico. Surpresa para valer é que do total de 57 nomes (41 + 16) apenas 5 aparecem nas duas listas. Além do quê, a edição Azougue abriga 11 poetas de 1960 que não foram lembrados pela Global. (Na verdade 8, se colocarmos no devido lugar Hilda Hilst, Dora Ferreira da Silva e Adélia Prado.) Será que os 5 nomes coincidentes concentram a quintessência poética da década? À falta de critério, quem sabe este (média ponderada) poderia ser adotado. Já em relação às outras décadas, a discrepância varia, mas nenhuma chega ao exagero dos Anos 60. Para a Global, os poetas dos Anos 70 são 45; para a Azougue, claro, só 16 – 9 dos quais coincidem. Os 55 dos Anos 80 – o período mais produtivo, de acordo com a Global – se reduzem (surpresa?) a 16, dos quais 9, outra vez, coincidem. A grande surpresa diz respeito aos Anos 90: dentre os 16 poetas selecionados pela Azougue, 14 figuram também na seleta da Global. Já em relação aos Anos 2000 a discrepância é bem maior: 45 poetas na primeira, os 16 de sempre na segunda, e apenas 4 nomes em comum.

E não há como disfarçar: nenhuma dessas antologias está interessada em “média ponderada” ou em “consenso”. Nenhuma delas, tampouco, é responsável pelas discre­pân­cias, que vêm de longe. As duas não dialogam, em nenhuma instância: cada qual se propõe como reduto último e exclusivo da “verdade” sobre a poesia brasileira, qualquer que seja a década, de 1922 em diante, e é como se o resto não existisse.

Paulo Franchetti chama a atenção para a confusão reinante – não em relação às antologias aqui comparadas, mas ao desencontro geral que vem-se alastrando de longa data:

“O espaço da crítica de poesia terminou por praticamente se restringir aos pró­prios poetas e a guerra de gangues domina o parnaso contemporâneo, o que apenas torna mais evidente a disputa pelo contemporâneo, que se manifesta num procedimento tão curioso quanto comum: a negação do título de poeta ao adversário da vez. Assim, ao primeiro sinal de divergência, surge a acusação: Fulano não é poeta, ou Fulano foi poeta e não é mais, ou ainda Fulano (apesar de uma dúzia de livros publicados) nunca foi poeta. A acusação absurda, pois até segunda ordem é poeta quem escreve poemas, surge brandida por escritores notáveis, o que faz imaginar que ao dizer ‘Fulano não é poeta’ o que esteja em causa seja, mais do que uma certeza sobre o que seja um poeta, é uma acusação de falta de modernidade, de inadequação ao tempo ou de não pertencimento a uma tradição. Isto é, ‘Fulano não é poeta’ significa que ele não participa do verdadeiro. Portanto, em decorrência, fica excluído (com os demais não poetas) do público hiperespecializado capaz de avaliar a poesia. Os anátemas recíprocos, exatamente por isso, mesmo quando provêm de uma certeza íntima de quem fala, apenas agudizam a dúvida sobre a necessidade da poesia e sobre os limites do que pode ser considerado contemporâneo, isto é, vivo – num raciocínio segundo o qual o que não é contempo­râneo é apenas resquício, coisa sem vida ou sem função”.[viii]

Qualquer comentário seria supérfluo. O quadro aí está, descrito com precisão. Nada a acrescentar, a não ser o óbvio: assim como o poeta A afirma, sem hesitar, que o poeta B não é poeta, o crítico X também garante que o crítico Y não entende nada de poesia, nem crítico é. Como fará o leitor – nem poeta nem crítico – para saber onde está a possível verdade?

Afinal, para sabermos se este ou aquele poeta foi justa ou injustamente excluído ou incluído; se está ou não está fora do lugar; se representa ou não, legítima e sufi­cientemente, a poesia da sua geração; se quisermos saber tudo isso mais alguma coisa, precisaríamos contar com a contribuição dos já mencionados Bandeira, Carpeaux,  Merquior – que no seu tempo dividiam espaço com Álvaro Lins, Sérgio Buar­que,  Antô­­nio Cândido, Augusto Meyer, Wilson Martins, Cavalcanti Proença, Antônio Houaiss, Othon Moacyr Garcia e tantos outros – todos em­penhados na busca de um consenso, para além das divergências pessoais e para além da “autoridade” que cada um, isoladamente, detivesse.

Não é de estranhar que a poesia brasileira, do início do século xx para cá, tenha sido transformada, aos poucos, em nobody’s land… O fato resulta, ao que parece, da inércia geral, somada à pressa e à negligência da maioria, quase sempre em busca da última novidade. A propósito, Fernando Pessoa – que, ao que consta, nunca foi acusado de  conser­vador – adverte: “A novidade em si mesma nada significa, se não hou­ver nela uma relação com o que a precedeu. Nem, propriamente, há novidade sem que haja essa relação. Saibamos distinguir o novo do estranho; o que, conhecendo o conhecido, o transforma e varia, e o que aparece de fora, sem conhecimento de coisa nenhuma”.[ix]

A crítica recente (nunca tivemos no país uma crítica de poesia tão sofisticada como nos dias atuais), mesmo tendo desistido da história literária, não abre mão do direito de estabelecer relações de afinidade entre um ou outro dos poetas estudados ou antologiados, que passam a ser entendidos não à luz da sua obra propriamente dita, mas em função das “famílias” ou dos grupos de pressão de que fariam parte. Com isso, a velha e obsoleta concepção historicista volta a circular, sob uma forma ainda mais fac­ciosa, dada a impossibilidade de uma só seriação cronológica dar conta de tantas am­bições.

Os mais dotados reescrevem a história literária, a fim de demonstrar que a tradi­ção existe, sim, mas só para conduzir ao único desembocadouro possível: a poesia pro­duzida ou preconizada pelo guru de plantão. E o resto é descartado, como inutilidade absoluta – para acompanhar, com algum exagero, o sábio e paradoxal ensinamento de T.S. Eliot: “O que acontece quando uma nova obra de arte é criada é algo que afeta ao mesmo tempo todas as obras de arte que a precederam. Os monumentos existentes for­mam, entre si, uma ordem ideal, modificada pela introdução entre eles de uma nova (realmente nova) obra de arte. Antes do surgimento da nova obra, a ordem existente cons­titui uma completude; para que essa or­dem persista após a aparição da novidade, o todo da ordem existente pre­cisa ser alterado, ainda que minima­mente, assim como as relações, as pro­porções e os valores de cada obra de arte devem reajustar-se em face do todo; e isso traduz a conformidade entre o velho e o novo. […] O passado deve ser alterado pelo presente, na mesma medida em que o presente é moldado pelo passado”.[x]

Já os menos dotados, porém mais ambiciosos, não se preocupam com o sentido geral da história nem com o passado; limitam-se a fazer um corte transversal e, nem um pouco interessados em “moldar” ou em ser “moldados”, como Eliot propõe, apregoam as maravilhas da idade, da geração ou da década que eles arbitrariamente elegem como digna de inte­resse. Será essa a modalidade mais avançada da moderna crítica de poesia?

O corte transversal, acima descrito, esconde algo ainda mais danoso que a dis­torção imposta à poesia “atual”. Ignorar o passado literário induz as pessoas a julgar que têm não só o direito mas a obrigação de ignorar, também, os fundamentos mais elemen­tares da criação poética, reduzindo o seu saber teórico e prático àquilo que se conhece, ou se julga conhecer, nos últimos 5 ou 10 anos. “Poesia”, desse modo, se transforma em vale-tudo, à mercê do neófito que resolva em dado momento subir ao palco, “sem conhecimento de coisa nenhuma”, como adverte Fernando Pessoa.

Não precisamos chegar ao exagero de um Leopardi, para quem “tudo se aper­feiçoou, de Homero em diante, menos a poesia”, mas é inevitável reconhecer que aque­les “fundamentos”, em constante metamorfose, vêm sendo transmitidos há séculos, de gera­ção em geração, não como receitas a serem aplicadas mecanicamente, mas como exem­plos – a serem seguidos ou evitados, como diria Mário de Andrade. Mas até para evitá-los é preciso conhecê-los. Já ignorá-los, ficando apenas com os recursos que te­nham tido aceitação nos anos recentes, é limitar demasiado o horizonte da criação poética e o conhecimento geral da poesia.

No vácuo dessa generalizada inapetência crítica, mas atuando como prestimosos auxiliares… as antologias. Afinal, como fica a pergunta formulada no título? Para que servem as antologias? Gostaria de poder assegurar que elas continuam a servir para o que sempre serviram. Na sua área de especialidade, amigo leitor, você prescindirá delas, não é verdade?, e fará o possível para ler só textos integrais, fontes primárias, o que estiver ao seu alcance. Com relação às áreas vizinhas, que possam ocasionalmente cair na sua esfera de inte­resse, aí sim, você confiará nas antologias. Mas, se o caso for “poesia”, talvez seja me­lhor recon­siderar. “Poesia”, desde o início do século passado, tornou-se aquela matéria cuja substância as antologias buscam apreender mas jamais conseguem. Que tal esquecer? Você não passa muito bem sem ela? Caso não, e se você estiver disposto, o jeito é ler tudo.

 

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[i] Poesia.br: cartografia poética, org. Sérgio Cohn, Rio de Janeiro, Azougue, 2013 (10 vols.).

[ii] Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana, org. Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Edições Ouro, 1965, 3ª edição (1ª edição: 1937).

[iii] Apresentação da poesia brasileira, org. Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1957.

[iv] Poesia do Brasil: seleção e estudos da melhor poesia brasileira de todos os tempos, org. Manuel Bandeira, com a colaboração de José Guilherme Merquior na fase moderna, Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1963.

[v] “História e crítica literária hoje”, paulofranchetti.blogspot.com.br (setembro 2012).

[vi] The dyer’s hand, Random House, 1962, p. 12 (1a edição: 1948).

[vii] São Paulo, Global, 2010-2011 (15 vols.).

[viii] “Notas sobre poesia e crítica de poesia”, www.cronopios.com.br (08/11/2012).

[ix] F. Pessoa, Pá­ginas íntimas e de autointerpretação, org. Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1966, p. 391.

[x] “Tradition and the individual talent”, Points of view, Faber & Faber, 1961, pp. 25-26.

 

 

 

 

 

 

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Carlos Felipe Moisés nasceu em São Paulo, SP, em 1942 e estreou como poeta em 1960,  tendo ingressado em seguida na Universidade de São Paulo, como aluno de Letras.  Mestre e doutor em Letras Clássicas e Vernáculas, tornou-se professor universitário, tendo ensinado teoria li­te­rária e literaturas de língua por­tuguesa na Faculdade de Filosofia de São José do Rio Preto (1966-68), na PUC de São Paulo (1967-1970), na Universidade Federal da Pa­raíba (1977) e na USP (1972-1992). Passou várias temporadas no Exterior – em Por­tugal e na França, como bolsista, e nos EUA, como escritor resi­dente em Iowa City (1974-75), e como professor visitante na Uni­versidade da Cali­fórnia, em Berkeley (1978-1982), e na Univer­sidade do Novo México (1986). Como poeta, recebeu vários prêmios, entre os quais o Governador do Estado de São Paulo (Carta de marear, 1966), o Gregório de Mattos e Guerra, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Círculo imperfeito, 1978) e por duas vezes o APCA, Associação Paulista dos Críticos de Arte (Poemas reunidos, 1974, e Subsolo, 1989). Seu livro de poesia mais recente é Noite nula (2008), finalista do Prêmio Portugal Telecom. Como crítico, tem-se dedicado especialmente à poesia dos séculos XIX e XX, com relevantes trabalhos sobre Cesário Verde, Fernando Pessoa, o Surrealismo, Vinícius de Morais, João Cabral de Melo Neto e poetas brasileiros contemporâneos. Entre seus livros nessa área, destacam-se Poesia e realidade (1977), O poema e as máscaras (1981), O desconcerto do mundo (2001) e Poesia & utopia (2007), Tradição & ruptura: o pacto da transgressão na literatura moderna (2012). É também autor de livros infanto-juvenis, entre os quais O livro da fortuna (1992), A deusa da minha rua (1996) e Conversa com Fernando Pessoa (2006), este último distinguido com o prêmio FNLIJ, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Recentemente, estreou como contista, com a coletânea Histórias mutiladas (2010), Prêmio Governo do Estado de Minas Gerais, Melhor Livro de Ficção. Tradutor, verteu para o português, entre outros, Tudo o que é sólido desmancha no ar, de Marshall Berman (1986) e O poder do mito, de Joseph Campbell (1990). É responsável, juntamente com Richard Zenith, pela curadoria da primeira exposição a homenagear  um autor português, Fernando Pessoa, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. E-mail: carlos_moises@uol.com.br

 




Comentários (1 comentário)

  1. Tânia Casella, Senhora aula! Concordo plenamente com a finalização: sim, prescindimos de antologias.
    30 abril, 2013 as 5:39

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