Manoel de Barros


………………….Manoel de Barros: uma história de amizade

……………………………………Manoel de Barros e Bosco Martins

.
Especial por  Angela Kempfer

Campo Grande/MS: São poucos os interlocutores que nos levam ao poeta Manoel de Barros: a artista plástica, estabelecida no RJ, Marta de Barros, filha do poeta e que junto com a mãe  Stella “são as guardiãs da prosa poética de Manoel”, a secretária dele, Elaine Sandra Paixão e o jornalista Bosco Martins que nutre uma amizade de mais de 30 anos com o casal. Um de seus porta-vozes mais frequente, Bosco Martins, conhece como poucos a rotina da casa. A história da amizade entre o Poeta e o jornalista remonta o início da década de 80. Era 27 de abril de 1983 quando Bosco, amigo de João Venceslau de Barros, o filho do poeta, o conhece trabalhando com João no escritório da fazenda (naquele tempo situava-se  na rua Rui Barbosa, entre a 15 de novembro e a Afonso Pena, centro de Campo Grande/MS). O jornalista, que completara 26 anos naquele dia de encontro especial, tinha ciência da importância do homem de 66 anos. “Houve uma química imediata”, diz Bosco. Talvez, porquê o Poeta foi jornalista quando voltou de Nova York para Rio de Janeiro..

Manoel de Barros foi reconhecido tardiamente, já septuagenário. Foi quando Millôr Fernandes escreveu, sobre certo poeta “de verdade” que o Brasil “desconhecia”. Nesse mesmo ano foi publicada na Espanha, pela revista “El Paseante” a primeira  matéria, organizada pelo ficcionista cearense Carlos Emílio C. de Lima,  destacando a poesia de Manoel mundo afora. A matéria teve a colaboração nos contatos com o poeta, de Bosco e da jornalista Thais Costa e da “Bric a Brac”  de Brasília,  revista que também contribuiu para tornar a obra de Manoel de Barros conhecida.

O jornalista Sergio de Souza (a quem o poeta conheceu em seus tempos de RJ e sempre o tratou de “Mestre!”), amigo comum de Manoel de Barros e Bosco Martins na época, fortaleceu ainda mais a amizade entre ambos. Sérjão, como era conhecido pelos amigos foi o criador da revista “Caros Amigos” e Bosco Martins, seu correspondente em MS. A relação entre o poeta  e os dois jornalistas rendeu uma boa passagem,  inédita nos bastidores do jornalismo, mas lembrada até hoje pelo poeta. Foi  quando outro “camarada” e amigo comum, o jornalista e escritor Zé Hamilton Ribeiro foi convidado por Serjão para entrevistá-lo. Ao ler a  matéria na “Caros Amigos” o poeta estranhou ao não se deparar com a assinatura de Zé Hamilton Ribeiro e sim de João de Barros e Bosco Martins. O poeta quis entender.  A explicação veio do próprio Zé Hamilton que “por força contratual com a Globo”,  não podia assinar em outro veículo.

Mesmo pertencendo a uma geração cuja diferença distancia quatro décadas da do Poeta, a amizade entre Manoel de Barros  e o jornalista continua forte e tem um enredo especial e terno. O jornalista, se mantém informado através de Stella sobre o amigo e se dedica a acompanhar o dia a dia do poeta, divulgando e as vezes “despachando” material que lhe é enviado por fãs, estudantes, jornalistas, professores, admiradores, sequiosos de notícias e informações do maior poeta em atividade na literatura portuguesa.

Houve época em que Bosco também conduziu à  rua Piratininga 363, no coração do Jardim dos Estados, personalidades como  Gilberto Gil (ainda  Ministro), o escritor José Júlio Chiavenatto, a atriz Cássia Kiss, entre famosos e anônimos em busca de uma prosa com o poeta. Nessa hora especial de encontro, o jornalista recomenda “o ritual da doação, pois Manoel é reservado e preserva sua timidez de bugre”, diz ele.  Segundo Bosco Martins, embora muito assediado, o poeta atualmente tem se resguardado, aos seus familiares. A idade avançada o tem dificultado a visão e a audição, provocando-lhe o incomodo no contato com seus admiradores. Atualmente tem evitado até mesmo entrevistas com as perguntas, previamente antecipadas, respondidas de próprio punho. Manoel continua a mesma pessoa “humilde, gentil  e terna que conheci, e é por isso que o ícone continua tão imortal quanto qualquer ídolo”, diz Martins. “Manoel, não é só o poeta que mais vende livros, o mais lido e mais querido do Brasil; ele tem uma infinidade de admiradores, em qualquer lugar do mundo onde sua poesia é descoberta. “Ele é uma pessoa muito agradável e fraterna”. Bosco Martins revela que “a causa coletiva em prol de afinidades mais íntimas com ele já ultrapassaram em outros tempos, a média de 80 à 100 pedidos por mês”. Mas por conta das dificuldades atuais e o atendimento reservado aos seus familiares, o ritmo diminui muito  e se restringe  atualmente a menos de um terço disto: “O Manoel de Barros se transformou num superstar (mesmo a contragosto) da poesia e claro, não consegue  atender a todos, mesmo desejando e mesmo querendo: não é possível para o poeta ser ele mesmo,  para todos, não há epiderme que aguente e é desse jeito que ele vive em seu ócio criativo”, revela o jornalista. “Às vezes as pessoas não entendem,  ignoram o ritual de quem já tem 96 anos. Conhecer outras pessoas  exige a entrega do sujeito na indistinção individual, representa, portanto, um exercício de cuidado que se pode alcançar pelo teor de uma conversa a dois”, continua Martins.  O poeta se dá aos poucos, repete comentários feitos com outros parceiros, mas no momento em que se dirige a cada um em particular assume um papel de uma troca subjetiva, cultivada cotidianamente: “O Manoel gosta de ser inteiro nas relações, um comportamento distinto propiciado pelo ritual quase diário”, traduz o amigo de mais de três décadas.

Para o Jornalista os que conseguirão ainda o feito de falar com ele,  serão cada vez mais raros. Bosco Martins,  refere-se ao poeta como, um amigo fraterno,  um irmão, “uma asa que nos eleva para Deus”, como diria Mario de Andrade, “o lado bom de sua pessoa,  é  a imagem que se cristaliza no Bem”. Dentre os rituais de consagração da amizade entre o jornalista e o poeta, sobretudo nas visitas ao Manoel, onde segundo Bosco, “as lições de poesia são fornecidas por quem não se limita à sua situação de poeta, mas sim em fonte  na busca de doações culturais aos que o procuram, se abrindo igualmente aos outros, para o diálogo que envolve um bate-papo, mais aberto, franco, coletivo e fraterno.” Ao amigo, a liberdade do espaço da rua, da conversa de homem para homem, entre seres que se respeitam, e se entendem. A intimidade da casa aberta ao que tem a cumplicidade do olhar distanciado da amiga e esposa Stella, não se restringindo à sala de trabalho, (ou escritório de ser inútil), assim como o teor dos e-mails ou correspondências,  endereçadas ao poeta. Em sua visita mais recente, o jornalista  deixou cerca de 12 livros para o poeta autografar e repassou informações sobre ele solicitadas  através de e-mails, correspondências diversas e até  inbox, via facebook. A coisa entre os dois funciona mais ou menos assim: o jornalista “despacha” os assuntos com o poeta  e deixa  escrito para  a Stella,  num papelzinho o nome da pessoas que querem  autógrafos nos livros que enviam e depois que Stella retorna os assuntos e/ou livros que o poeta autografa, o jornalista redistribui, os livros, as correspondências ou entrevistas enviadas.

 

Alguns exemplos:

 

Bom dia, Bosco! A Eliane Oliveira, nossa amiga jornalista que vive em Milão, na Itália, me pediu ajuda para conseguir um contato com Manoel de Barros.

Ela está escrevendo um livro por lá e pensa em citar a obra do Manoel, mas quer, antes de tudo, obter autorização para citá-lo. Será que vc consegue os contatos com ele ou alguém que cuide a obra dele? Se puder, me mande ou mande direto pra ela.

Grande abraço.

E obrigado, desde já.

 

***

 

Querido Bosco, livro assim que…

Tenho a ALEGRIA de dizer em primeiríssima mão que minha dissertação recebeu avaliação favorável para publicação na editora PAULINAS.
NO ENTANTO, preciso de autorização do poeta MANOEL DE BARROS para publicação, haja vista que há alguns poemas dele no corpo do trabalho. Você acha que é possível?

Preciso do endereço do poeta para enviar a dissertação.

ESTOU DIVIDINDO MINHA ALEGRIA COM VOCÊ

BJS

.
*A pedra filosofal, o único alquimista, que converte tudo em ouro, é o amor.

.
***

Oi Bosco, tudo bem?
Bom, vamos lá
Vou publicar meu livro do poesias ‘O Haver Flor’, pela Editora Coruja, daqui de Ribeirão Preto. Estou com um projeto super bacana com o pessoal de lá. E, queria saber de ti, se você acha viável algo que me deixaria muito feliz, apesar de eu achar que talvez seja algo muito complicado de acontecer. Eu gostaria muito que o Manuel de Barros lesse meu livro e escrevesse algo sobre ele, uma apresentação, para compor a publicação. Seria um sonho realizado, na verdade. Mas sei que o nosso poeta querido já está velhinho e, por isso, não sei se seria possível. Como você tem o contato direto e é amigo dele queria saber o que você acha disso.
É isso, um beijo e, desde já, imensa gratidão!

 

***
.

Manoel de Barros renasce Bernardo
Por Bosco Martins


.

Digo sempre uma coisa: Desconfio que ele, Manoel de Barros, gostaria de ter nascido Bernardo. Quando conheci Bernardo com o poeta e Stella, tinha seus 85 anos e veio morar na cidade para se tratar de problemas cardíacos. Quando sua saúde se agravou, Stella que era voluntária do Asilo São João Bosco, ajudou cuidar dele. O casal cuidou dele por mais de 20 anos.

O asilo São João Bosco é uma chácara que lembrava a fazenda do Pantanal, cheia de passarinho e árvores pelo quintal, como Bernardo sempre gostou. O prazer dele era tomar umas pinguinhas no final de tarde e fumar cachimbo.

Mas um dia o doutor proibiu de vez os dois. Foi quando o Manoel botou em questão: – Mas Doutor, já que mulher nunca teve… não poderia ter ao menos um prazer na vida?

Foi assim que Bernardo continuou a fumar cachimbo…
.

Bernardo em Campo Grande

Junto com Manoel, vez ou outra visitávamos o Bernardo que passava seu tempo sentado num banco, fitando o céu e fumando seu cachimbo. Quando morreu o poeta disse: Digo uma coisa a você; acho que eu Manoel de Barros, gostaria de ter nascido ele.

A natureza do poeta nunca mais foi a mesma depois deste dia. Desconfio que por isso vive a celebrar o amigo em desconcertantes poemas.

Só a perda do filho João o abalou tão profundamente. O poeta incrustou ainda mais em suas inscrições/linguísticas rupestres. A escavar suas vozes e reacender a chama do menino arteiro que vive a renovar e animar sua poesia.

.

O Bernardo de antes e outras histórias dele

Bernardo obteve momentos na vida do poeta de ser o pai que Manoel por uns momentos deixou de ter. Depois que a tia que Bernardo cuidava morreu, ele mudou-se para fazenda no pantanal.

Sua lida diária era varrer o quintal.

E desta feita também ajudou a criar os filhos do Manoel a ponto dos mesmos gostarem tanto de Bernardo, quanto do poeta. Vem daí o orgulho e admiração ao amigo e a homenagem como seu alter ego.
.

Por algumas vezes se perderam um do outro.

Certa vez Bernardo foi trabalhar numa lancha de passageiros que fazia trajeto nos rios Paraguai e Taquari. Diversão dele era pescar, escamar peixes e rir. Bernardo ria muito. Ria sozinho. Ria a perder de vista. Quando enjoou da coisa voltou pro Pantanal. É que na fazenda tinha o cantinho dele em cima de uma árvore. Uma cama de tábuas onde dormia horas sem nunca despencar.
.

Da outra vez que Bernardo e o poeta se perderam quase foi para sempre…

Foi quando ele se danou a andar pelo norte do Paraná, onde foi lidar com colheita de café. Mas de repente não se teve mais notícias dele…

Depois de longo tempo, toca o telefone no apartamento do poeta no Rio de Janeiro. Era um delegado de policia de Bauru no estado de São Paulo:

–  Prendi um rapaz aqui que tá de porre e nunca para de rir, disse o delegado. Encontrei no bolso dele um papel todo amassado com esse número de telefone. Por isso estou ligando, emendou o policial do outro lado da linha.

– Segura ele aí que estou indo buscá-lo, agora Dr.!! Esse rapaz é meu irmão, o Bernardão da Mata!! Exclamou o poeta, do outro lado da linha!!

Foram dois dias de viagem até reencontrar Bernardo. A viagem era de trem. Do Rio a Bauru e de Bauru a Porto Esperança. De Porto Esperança a Corumbá a viagem de volta era de navio e o restante até a fazenda era feito de lancha.

.

Por isso, Bernardo foi o escolhido entre tantos? Pode ser! Mas desconfio que cada vez mais Manoel renascerá em Bernardo.

Mas por que Bernardo entre tantos personagens iguais a ele e que também nos deixam influenciar pela inocência?

Antes de o Manoel celebrar Bernardo, incluindo-o em seu útimo livro, já havia conversa sobre a preferência dele por Bernardo. A poesia do Manoel não sai da alma, mas da ponta de seu lápis. Não fosse o lápis, sua alma torta como ele, não iria a lugar algum. É assim que se apruma para extrair seus personagens. Testemunhas únicas da lida diária do poeta, em busca das palavras e seus personagens são: um lápis, a borracha e um apontador (com depósito e tudo).

E são gente dele mesmo os tipos que vão aparecendo no texto de Manoel. Saídos da ponta de seu lápis, mas alguns de carne e osso outros não, como: Maria-pelego-preto, tão abundante de pelos no pente que o pessoal pagava pra ver (era fome); Santiago, o vaqueiro que desafiou um cavalo brabo que havia na fazenda. Todo mundo zombou de Santiago, que estaria a contar vantagem. Então arriaram o cavalo famanaz, e Santiago “amontou” de espora e chicote. O cavalo saiu disparado e a corcovear de lado e pra frente. Ao passar pelo galpão, os peões viram escritos à espora na paleta do animal a frase: “Até aqui Santiago veio bem”.

Tem o filósofo de beco, Bola-Sete, aquele que o marimbondo fazia casa no seu grenho- ele nem zine … e o Mário-pega-sapo, que esfolava os batráquios a canivete para ver o futuro dos outros nas entranhas. Mas o preferido mesmo, de carne, osso e coração era o Bernardo
.

E por isso,  desconfio que  cada vez mais  Manoel  quer renascer em Bernardo

Manoel de Barros sempre me disse que quis ser ele. Sempre me admitiu: Bernardo era mesmo uma espécie de alter-ego dele. Como todos imaginam. E me contou que como ele, Bernardo era esse sujeito inocente como uma flor. Falava a língua das águas. Até as cobras parece que o respeitavam. Era um sujeito sem maldades e sem vaidades.

Quase um santo?Pode ser! O poeta deixava-se influenciar pela inocência dele.

Manoel de Barros me disse uma vez que a coisa mais linda que existe neste mundo é a inocência. E o Bernardo era mais ou menos isso, a inocência com pernas e olhos, mas sem boca, porque ele nem precisava falar.

Tem aquela coisa de o silêncio dele ser muito alto que os pássaros escutavam e vinham fazer casa no seu chapéu.

E o poeta botou mais poesia na primeira vez, quando voltava de uma viagem de Belo Horizonte.

Mas, por que o Bernardo entre tantos outros?

Porque o transformou em seu alter ego dando-lhe tanta  poesia?

Porque o lápis que enfeita Bernardo (ganhou de um amigo de SP) até hoje guarda o toco?

Esse é o Bernardo que conheci de carne osso e coração… Bernardo da Mata
.

E desconfio cada vez mais que Manoel vai renascer Nele…

.

***
.

MANYPHESTO DE VANGUARDA PRYMITIVA

(homenagem de Bosco Martins ao amigo Manoel e Stella)

.

Vanguarda primitiva

Regresso ao futuro

Palavra-alma guarani

Chamas & orvalho

Origem própria original originalidade selvagem

A fala dos loucos dando flores

Todos os dialetos possíveis

Inventados encantados alucinados

 

Dialeto-rã

Dialeto-pedra

Dialeto-fogo

Dialeto-bosta

 

A beleza das coisas nunca vistas

Adivinhação divinação divinare

Em vez do plágio sutil

 

Vidência

O aproveitamento de todas as ancestralidades desprezadas

 

Vanguarda primitiva: os dicionários de pedra, de areia, de água, de árvore

O poeta lambe as palavras e alucina o idioma;

 

Para que o idioma volte a dar encantamento, um coração quente, com um olho de pássaro

Você pode ver o mundo

De modo diferente

 

Vanguarda primitiva:

Amor sem data de vencimento

Invenção em vez de cópia

Bárbara e nossa como queriam rimbaud baudelaire oswald

 

Agora o andarilho

 

Lambe as palavras até que elas produzam uma alucinação que renova

sentidos do mundo no coração.

Duas, três câmeras na mão e mil ideias fervendo na cabeça, nas veias, nos

testículos, no corpo todo.

 

Depois de lamber as palavras

O andarilho caminha alucinado

 

Atravessa Paris Rio de Janeiro Oropas Nova Yorque e reaparece por

encantamento na beira do Rio Paraguai ou na remota província de Campo

Grande, capital de Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo.

 

Vanguarda primitiva: o português mágico manoelês arcaico à imagem das

máfias das academias de letras e de outras máfias letradas

 

Luz câmera poesia em ação

Nas margens do mundo onde o céu se confunde com as águas

O olhar dum pássaro é uma lente de panavision

Sem hollywood-money nos bolsos

 

O poeta lambe as palavras e o idioma se alucina para sempre

 

Uma luz torta

Uma luz rupestre

Uma luz vegetal

Uma luz de vanguarda primitiva

Uma luz diferente

Uma luz que não se pode comprar nas lojas da capital

 

Agora um andarilho pode ser oito andarilhos

Ayores guaranis terenas bororos xavantes kinikinau guatós

O amor o humor os paradoxos encantatórios

 

O voo da palavra

O canto do peixe

O perfume do mistério

 

Vanguarda primitiva

 

Um mergulho no desconhecido

Das diferenças

No mistério da luz do Pantanal

.

.

# “Conceito de vanguarda primitiva há de ser a virtude de minha fascinação pelo primitivo”, Manoel de Barros.
.

A vanguarda primitiva é uma criação coletiva do poeta Manoel de Barros, do jornalista Bosco Martins e do poeta do portunhol selvagem, Douglas Diegues. Surgiu inspirada em uma conversa literária que quer transformar o grau de conhecimento a todos em índice de desenvolvimento humano, através da fascinação pelo primitivo. Não curralesca e nem esotérica, a vanguarda primitiva já rendeu algumas obras em seu caminho para as origens. Kosmofonia Mbyá Guarani, registro literário-musical, da editora o morto q fabla, de Guilhermo Sequera, organizado por Douglas Diegues, traz o seguinte registro de Manoel sobre a obra: “Ouvi os cantos, a voz, os murmúrios dos MBYA Guaranis. Eles me transportaram para a fonte das palavras. Me levaram para os ancestrais, para os fósseis lingüísticos, lá onde se misturam as primeiras formas, as primeiras vozes! A voz das águas, do sol, das crianças, dos pássaros, das árvores, das rãs… Passei quase duas horas deitado nos meus inícios, nos inícios dos cantos do homem.”

(Revista Caros Amigos – 19/12/2006-)

.

http://youtu.be/QZLC8wNVtfs

.

 

 

.

Bosco Martins é Jornalista e Diretor-Presidente da 104,7 FM Regional e da TVE Regional/MS. E-mail: reporter@boscomartins.com.br

 

 

.

 

 

 




Comentários (2 comentários)

  1. Geraldo, Bernardo, assim como Caetano Mina, deve ter passado por outras vidas e atingiu o aprendizado: não dava a menor importância pras coisas desse mundo… mas isso é difícil, não é pra qualquer um…
    11 outubro, 2018 as 16:38

Comente o texto


*

Comente tambm via Facebook