Autores da Cosac Naify lutam para não terem seus livros destruídos


 

O GLOBO, BOLÍVAR TORRES, /////

Se o anúncio do fechamento da Cosac Naify, no fim do ano passado, pegou os autores da casa de surpresa, a notícia de que as sobras de seu estoque podem ser destruídas até 31 de dezembro trouxe um sentimento geral de desolação — mas também uma pressa redobrada. Confirmada na semana passada no site PublishNews por Dione Oliveira, diretor financeiro da editora, a informação fez os escritores acelerarem a busca para reaver os últimos exemplares de suas obras e salvá-los da “fogueira”. Alguns escritores aproveitam os descontos previstos em seus contratos (que chegam a 70%) para comprar seus próprios títulos com a editora. Outros esperam dela uma proposta de doação. Há, ainda, os que se dizem perdidos, sem saber como proceder, já que não foram procurados pela empresa editorial. “Estou, no momento, tentando um contato na Cosac para ver se eles terão algum esquema para os autores”, conta Vanessa Barbara, que nos últimos dias vem divulgando nas redes sociais o seu O livro amarelo do terminal (2008), para “salvá-lo do esquartejamento”. “É uma pena isso tudo, dá vontade de ir ao estoque, se acorrentar aos livros e depois levar todos pra casa”, completou. A prática não é estranha entre as editoras, já que manter livros encalhados custa caro. O que torna o caso da Cosac peculiar, contudo, é que a qualidade de suas edições tem motivado seus autores a mantê-las vivas, mesmo que fora do mercado. Com quatro livros publicados pela Cosac, João Anzanello Carrascoza já negociou a transferência de seu O volume do silêncio para a Editora do Sesi e de Aquela água todaAos 7 e aos 40Caderno de um ausente para a Alfaguara. Mesmo assim, o escritor fez questão de comprar da Cosac 20 exemplares da edição original de cada um. “Acho importante porque são edições excelentes, e que agora vão virar relíquias”, conta Carrascoza, destacando a qualidade do papel, da diagramação e da impressão.

 




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